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terça-feira, 8 de março de 2016

VERBOS: USANDO O TEMPO CERTO


   Verbos são uma das classes de palavras mais importantes de nossa língua, mas, muitas vezes, a conjugação correta acaba gerando dúvidas, já que são onze tempos verbais cada um conjugado em seis pessoas (ou cinco, no caso dos imperativos). Dentre os diversos erros que podem acontecer no uso dos verbos, um dos mais comuns é a escolha incorreta do tempo a ser utilizado. Sendo assim, vamos tentar esclarecer alguns pontos. 
   O pretérito imperfeito do indicativo é utilizado para falar sobre ações e fatos verbais (por isso “indicativo”) que foram interrompidos ou descontinuados (“imperfeito”) no passado (“pretérito”). É usado para falar de hábitos antigos, que não acontecem mais (você BRINCAVA ou ANDAVA muito de bicicleta quando ERA criança?), podendo também servir para descrever algo que durou um tempo (minha casa ERA pequena quando eu MORAVA no interior). O problema é que muita gente acaba usando esse tempo para falar de algo planejado para o futuro, mas que ainda não se concretizou, o que é a função do pretérito do indicativo. Assim, é comum ouvir que alguém DEVIA tentar fazer algo, quando na verdade quer dizer que DEVERIA fazê-lo. 
   Tente perceber a diferença: se você DEVIA ou QUERIA algo, significa que não deve nem quer mais. Mas, se ainda vê a possibilidade de isso acontecer, o certo é DEVERIA ou QUERERIA (se achou essa última forma estranha, pode trocar por um sinônimo, como GOSTARIA). E por aí vai: Se está com fome, você COMERIA (e não COMIA) algo: se tivesse dinheiro, COMPRARIA (e não COMPRAVA) o que quiser; se pudesse, VIAJARIA (e não VIAJAVA)  para o exterior, etc. 
   Outra confusão comum é o uso do presente do indicativo no lugar do presente do subjuntivo. Embora os dois tempos se refiram ao presente, um (o indicativo) se refere a fatos reais e certos, enquanto que o outro ( o subjuntivo) trata de hipóteses, possibilidades e desejos. Então, não há problema em dizer que  eu VOU à sua casa, se isso for uma certeza. Mas, caso ainda não esteja confirmado, é bom falar que talvez eu VÁ visitar você. Outros exemplos: você quer que eu PEGUE um copa d’água ( e não PEGO); que eu COMPRE ou TRAGA algo ( em vez de COMPRO e TRAGO, etc. Esse erro talvez se justifique pela semelhança na conjugação, já que, como você deve ter percebido, os dois tempos são muito parecidos. 
   O presente do indicativo também é muitas vezes usado no lugar do imperativo afirmativo ou negativo, a forma mais adequada para se ordenar e pedir algo. É comum também ouvir alguém dizer “FAZ um favor”, quando o mais correto seria “FAÇA”. Na verdade, a forma FAZ existe no imperativo, mas se refere a segunda pessoa do singular (Tu), muito pouco usada aqui em nossa região. Portanto, se você trata seus amigos por “você”, o certo é FAÇA. E assim por diante: GUARDE suas coisas (e não GUARDA) e VENHA comigo (em vez de VEM).
   O verbo VER, aliás, citado aí no último exemplo, é utilizado incorretamente em um slogan muito conhecido dos brasileiros, de um banco que convida a todos para serem seus clientes, chamando “VEM PRA Caixa você também”. O problema aí, mais uma vez, é a concordância, já que a forma VEM se refere a TU, enquanto que VENHA seria o mais adequado para VOCÊ. Tudo bem que provavelmente a frase foi criada pensando na linguagem coloquial, falada pelas pessoas no dia a dia, mas não deixa de ser um erro de conjugação, já abordado em várias questões de vestibular. 
   O assunto é extenso e, com certeza, vai render outras coluna no futuro. Enquanto isso, MANDE ( e não MANDA) suas dúvidas e comentários par nós. Até a próxima terça! (FLAVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS e ESPANHOL). Encaminhe suas dúvidas e sugestões para bemdito14@gmail.com página 5, caderno FOLHA 2, terça-feira, 8 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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