Páginas

sábado, 5 de março de 2016

MEU AMOR TEM 15 ANOS


   Num tempo e num lugar onde e quando as histórias de amor eram diferentes. Não havia a tecnologia de hoje, no máximo uns cartões postais, um alto falante, uma praça. Mas o amor não tem idade, nem tempo, nem tecnologia para acontecer: ele acontece, de fato!
   E a história era mais ou menos assim: era uma garota comum, com os encantos naturais de quem está nessa idade. Esperava seu príncipe encantado, que não chegou num cavalo branco, mas veio a cavalo – sonhos se realizam, literalmente, às vezes. 
   Não aconteceu naturalmente, num jardim encantado, mas foi o “arranjo” de uma amiga que marcou o encontro na praça. E foi dessa forma que começou, para eles. O primeiro encontro foi para se conhecerem mesmo. Ele, um moreno de olhos profundos, sorriso lindo e conversa envolvente. Ela, inteligente e sonhadora. E o amor começou assim, com perguntas bobas e ao mesmo tempo tão importantes, como quando se começa uma história. Do que você mais gosta, eu também, qual a sua religião, onde você estuda, você fica bem com esse vestido...
   Depois, a primeira chuva, a primeira vez de calças compridas, o primeiro baile, o primeiro dia dos namorados, a primeira briga: está tudo acabado entre nós! Veio a tristeza, a saudade, a vontade de fazer as pazes, a música que reclamava do adeus. 
   A alegria do reencontro, a ternura, o abraço, a felicidade de simplesmente ficar ali, juntos, abraçados, ou de mãos dadas, em silêncio. O amigo que contou das dores do amado, a amiga que deu a força para voltar. A formatura do ginásio, o vestido longo novo, a emoção de entrar ao lado, a apresentação aos parentes, o amor perfeito!
   Para quem acha que felicidade não existe eis aí uma prova em contrário. Que felicidade! Tudo era motivo para ser... feliz, feliz e pronto...e ponto! Respirava amor, emoção, paixão, da cabeça aos pés! Nasceram as poesias, a vontade de encontrar com a melhor amiga para falar do seu grande amor. Todas as músicas românticas, as palavras de carinho, os pássaros, as flores, o vento, a chuva, tudo que era bom e bonito, cabia naquele amor. Meu amor tem 15 anos! É eterno, é perfeito!
   Mas a fila anda, empurra para frente, para outros lugares e a conhecer outras pessoas. Não adiantou marcar o território, envolver parentes e amigos, músicas, palavras lindas, apelo à felicidade sem fim. O primeiro amor, perfeito, acabou. Perdeu o encanto. É melhor dar um tempo, somos muito novos - 15 anos – melhor dizer adeus, quem sabe, no futuro. Choro, tristeza, fossa. 
   Duas semanas depois, a surpresa: ela estava de namorado novo” A primeira decepção amorosa veios aos 15. A decepção dela veio logo depois. Ele começou a namorar a vizinha, prima da amiga, na sua cara, quando ela, sozinha, já havia se decepcionado com o novo amor.
   E a vida foi caminhando, sem esperar, sem consolar, sempre buscando a felicidade no amor. E o amor que tinha 15 anos, emoldurando já o passado, virou lembrança gostosa, virou música, poesia, perfume no ar, identidade nas flores, porém, nunca mais em suas vidas, se repetiu um amor assim. 
   E também foi assim que a intensidade do meu e do seu amor, aos 15 anos, virou uma única, linda e inesquecível história de amor. ( ESTELA MARIA FREDERICO FERREIRA, leitora da FOLHA, página 2. FOLHA RURAL, sábado, 5 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário