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sábado, 5 de março de 2016

DIA HISTÓRICO


   O depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Polícia Federal (PF) nem tinha acabado e jornalistas e população já se manifestavam sobre a importância do evento: um dia histórico para o Brasil. Sem dúvida trata-se de um fato inédito: um ex-presidente foi alvo de mandados de condução coercitiva (quando o investigado é levado para depor e depois liberado) e busca e apreensão em seu apartamento em São Bernardo do Campo. Ação inimaginável anos atrás, quando Lula costumava sair ileso de qualquer denúncia ou má ação que lhe era atribuída.
   Em entrevista coletiva após ser liberado, o ex-presidente mostrou a mesma arrogância de sempre. Disse estar indignado pelo falto de delegados da PF terem aparecido em sua casa às 6 horas, acusou a Justiça de prepotência, arrogância e de armar um espetáculo de pirotecnia. Também como argumento de defesa está o velho e batido discurso: o da “tentativa de criminalizar o PT” e que a elite não aceita as melhores condições de vida que ele mesmo garantiu aos pobres do País. Desta forma, adota-se a mesma tática, a de desqualificar o fato e seus acusadores ao invés de explicar as acusações. Estaria Lula acima do “bem e do mal”, das leis e da da própria Constituição?
   Se a legislação garante direitos e deveres iguais a todos os brasileiros, a resposta é não . Além de desbaratar um esquema bilionário de desvio de dinheiro da Petrobras, outro mérito da Operação Lava Jato é mostrar à população que “ricos e poderosos” também são presos e pagam por seus crimes, ao contrário da velha crença popular. Talvez essa ação tenha contribuído para reacender a “chama da esperança” nas pessoas, de que o País possa viver dias melhores. 
   Portanto, se essa sexta-feira entrará para história, só o tempo dirá. No entanto, esse dia  já pode ser considerado um marco e é importante que a sociedade reflita e discuta inclusive a legitimidade da Presidente Dilma Rousseff (PT) em continuar a comandar o País. Depois do depoimento do senador Delcídio Amaral (PT_MS), em delação premiada, que envolve a presidente, é preciso responder a algumas questões. Há legalidade, já que sua reeleição foi beneficiada por parte dos recursos desviados da Petrobrás? Ela reúne as condições morais e éticas para continuar a ocupar a presidência? São questões importantes que merecem uma manifestação mais efetiva dos brasileiros. ( FOLHA OPINIÃO opinao@folhadelondrina.com.br página 2, sábado, 5 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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