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domingo, 6 de março de 2016

FEMINISMO ÀS AVESSAS


   Março traz feminismo como palavra de ordem, enquanto números mostram a mulher bem-sucedida, diferenças salariais e problemas em várias escalas sociais, reforçando a figura do sexo frágil que quer parecer um homem. 
   Ser mulher bem-sucedida no século 21 é sinônimo de “ser homem”, delimitando sua existência em disputa de cargos e atitudes contrárias à natureza feminina, permitindo que o homem veja fraqueza naquilo em elas são mais fortes , sendo natural que a nova geração masculina ache uma piada haver tratamentos legais diferenciados para a mulher, fazendo piada de conquista de anos de batalha, apenas porque entendem como exagerada vantagem para elas. 
   Enquanto meninas e meninos crescem como iguais, sem respeito às particularidades de cada sexo, a ordem masculina vai engolindo inúmeros talentos que fazem opções pela solidão, conhecimento, trabalho em detrimento da maternidade, de laços familiares. Vão se transformando em produto do consumismo e do luxo à procura de reconhecimento, como se pertencer ao sexo feminino fosse uma lástima a ser combatida.
   O mundo, aos poucos, vai enterrando a doçura e a sabedoria da mulher que já não se assume nas diferenças que a faz especial. É um mundo assexuado, determinando novas estruturas familiares, modernas, produtivas sem sexo, afinal de contas homem não menstrua, não engravida, não amamenta, não precisa ter compromisso com família, não tem cólica e por isso é sempre mais produtivo. 
   Dia da mulher deve ter foco de mulher, deixar de lado essa áurea de competição para permitir que a mulher seja mulher, simplesmente mulher, respeitada em sua feminilidade sem que isso signifique seduzir e se oferecer, admirada na sua opção pela maternidade, sem que isso signifique ser preguiçosa ou inapta para o trabalho, deixar que as meninas brinquem de boneca sem que isso signifique domesticá-las. 
   A palavra de ordem é respeito à natureza humana que dá músculos fortes ao homem para que ele sustente a família que precisa ser gerada em um útero feminino. 
  Respeitar uma mulher é dar dignidade e salários aos homens para que eles possam alimentar a mulher que gera seus filhos, permitindo que ela os eduque dentro da família, ao invés de deixá-los para o mundo porque precisa complementar a renda familiar.
   Respeitar a mulher é entender que ela não possui músculos preparados para a força bruta, mas que tem no coração a sabedoria necessária para  plantar a família e fazê-la florir dentro   de uma lógica saudável, desde que não precisem deixar que seus filhos sejam educados pela TV que a substitui quando sai para o trabalho porque precisa alimentar sua prole. 
   Respeitar a mulher não é coloca-la no tanque ou no fogão, nem impedir que ela seja profissional, porque as mulheres são competentes. Não é só dar a elas o salário dos homens, mas é, também, dar dignidade em tudo que ela fizer, e considerar as diferenças de sua natureza feminina, acima de tudo, considerar trabalho o que ela faz sem salário porque isso não tem preço. 
   Respeitar a mulher é vê-la como mãe, esposa, cidadã, sem ser kit de fantasia masculina, sem ser Amélia ou ser apontada como feiticeira, Carmem e Medusa, punida por ser bela e sedutora, o que é da sua própria natureza. 
   Os números apresentados no mês da mulher são reais, visíveis, mas só isso resolve? 
   Por isso, enquanto o mundo comemora a mulher como homem, vou na contramão, com a mulher que precisa ser apenas respeitada, sem   assumir um papel masculino. 
   Admiro a mulher que mãe ou profissional, respeita a si mesma, e exigi dos outros que a respeitem como sexo feminino e não como paradigma do sexo masculino. 
   E convido a mulher para sentir-se forte e corajosa para conhecer do próprio útero que gera o mundo, e que não permita que o sexo feminino continue sendo saqueado como um objeto qualquer, que ensine a seus filhos o que é doçura feminina, mesmo nos mais altos escalões do trabalho, onde hoje, a mulher já está. Acima de tudo, mulher é coisa séria o ano todo, e não só em março. (SANDRA GASPAROTTI, advogada em Arapongas, página 2, ESPAÇO ABERTO, domingo, 6 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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