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quarta-feira, 2 de março de 2016

A LIÇÃO DAS PEROBAS



   1 – O escritor inglês Roger Scruton tem uma excelente definição de conservadorismo: “Encontrar o que você ama e proteger isso”. No livro “Como ser conservador”, Scruton busca a semente de verdade em cada uma das visões de mundo modernas, inclusive o ambientalismo. Com essas sementes, ele cultiva um projeto de vida que poderíamos chamar, sem medo algum do clichê, de “sustentável”. Dizendo de outra maneira: Scruton ensina a defender valores que se mantém vivos porque já foram provados pela sucessão de indivíduos e sociedades. 

   2 – Outro dia quis saber por que um círculo possui 360 graus. Uma das explicações é que os babilônios consideravam que o ano solar durava 360 dias. O círculo seria, pois, uma representação perfeita da unidade entre tempo e espaço. Toda pessoa, instituição ou comunidade depende do equilíbrio entre essas dimensões. 

   3 – Um exemplo histórico é a cidade de Londrina, que só se tornou possível em tão curto espaço de tempo – 81 anos - porque expandiu seus horizontes em 360 graus.Londrina também foi uma solução, digamos agora sem aspas, sustentável. Uma cidade que sempre viveu do equilíbrio entre inovação e continuidade. Aqui os valores do velho Brasil tiveram uma admirável simbiose com o espírito criativo e empreendedor dos imigrantes. 

   4 – No caderno especial do projeto “Encontros Folha”, publicado no último domingo, é digno de destaque o fato de que a palavra “crise” teve relativamente pouco destaque. A palavra ênfase está nos quatro pilares que definem o equilíbrio de uma empresa ou instituição: econômico, social, ambiental e cultural. A ausência da palavra crise não significa, em absoluto, que nós devemos ignorá-la ou aceitá-la com passividade. Quer dizer apenas que precisamos estar preparados para a defesa do que amamos. 

   5 – Amanhã Londrina comemora 80 anos de uma instituição que sempre zelou pelo mais importante: o Colégio Mãe de Deus. A escola católica ajudou a trazer para a nossa cidade, por meio da educação e da cultura, uma notável elevação espiritual. 

   6 – A alguns metros do Colégio Mãe de Deus, existe uma das últimas perobas do centro da cidade. Como explica o escritor Domingo Pellegrini, em seu romance “O Coração das Perobas”, a grande árvores só sobrevive se existir vegetação ao redor. O desenvolvimento de nossa cidade e nossa região foi possível porque as pessoas seguiram o exemplo da peroba centenária e do colégio octogenário – e se uniram para sobreviver.


7 – Roger Scruton chamaria isso de “oikophilia” (amor pelo lar). Padre Kentenich falaria em “pensar orgânico”. E ambos teriam razão. ( Fale com o colunista: avenidaparana@folhadelondrina.com.br página 3, espaço AVENIDA PARANA – por PAULO BRIGUET, caderno FOLHA CIDADES, quarta-feira, 2 de março de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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