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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

TRANSPORTE DE AUTORIDADES


   Dentro da estrutura da Força Aérea Brasileira (FAB) existe, em Brasília, um grupo chamado Grupo de Transporte Especial (GTE), que é o responsável pelo transporte aéreo do presidente da República, ministros e demais autoridades. Fora o avião presidencial, essa frota dispõe de 15 aviões, desde jatos executivos até aviões com capacidade de aproximadamente de 50 passageiros. Alguns modelos tiveram seus interiores modificados e transformados em salas VIPs, garantindo o máximo de conforto para seus usuários.
   Em geral, os custos desta aeronave para deslocar autoridades chega a custar 20 a 50 vezes mais do que o valor das passagens aéreas em voos comerciais, mesmo considerando viagem em primeiras classes. No caso de viajar somente um ou dois passageiros, o valor por passageiro fica astronômico. Um avião pequeno custa, aproximadamente, R$ 150 mil para ir de Brasília ao Rio de janeiro; se forem três passageiros, significa um custo de R$ 50 mil por passageiro. A conta da gastança é simples. 
   Um levantamento efetuado de janeiro a setembro do ano passado mostrou um total de 2.206 voos para atender aos políticos, o que o que dá mais de oito voos por dia. É um desperdício imenso de dinheiro público, enquanto o povo não tem moradia decente, saneamento básico, segurança, saúde, transporte, etc.
   Por outro lado, a FAB efetuou somente 42 missões de transportes de pacientes e órgãos para transplantes nesse mesmo período, causando sérios problemas à população. Só o Ministério das Cidades fez 187 viagens; o deputado Eduardo Cunha usou a FAB por 110 vezes, e assim por diante. Em contraponto, no início do ano um menino de 12 anos não conseguiu receber um transplante de coração e morreu em Brasília pela falta de aeronave para transportar um órgão que estava disponível em Itajubá, no Estado de Mina Gerais. 
   A FAB alegou que simplesmente não podia atender ao pedido de transporte por “questões operacionais”. Uma frase simples que causou a morte de uma criança. Vale lembrar que existe um decreto de 2002 que disciplina o uso de aviões da FAB e diz que seu jatos podem ser requisitados quando houver motivo de emergência médica, o que obviamente não foi considerado nesse caso.
   Renan Calheiros usou jato da FAB para ir de Maceió até Porto Seguro para assistir ao casamento do senador Eduardo Braga. Sua assessoria disse, na época, que Renan participou do compromisso como presidente do Senado e que tem direito ao uso de aeronave oficial, mesmo que a viagem não seja oficial. Existem casos de políticos que viajaram para ver jogos da seleção, casos em que foram para Fernando de Noronha, mas que usaram aviões da FAB por questões de segurança e aí vai. 
   O fato é que o desperdício do nosso dinheiro continua enorme, apesar dos discuros de muitos “representantes do povo”. Para todos os lados que olhamos com atenção, vamos verificar essa prática. Até quando? Essa é uma pergunta que continua sem uma resposta. Bem, agora é Carnaval e não podemos nos preocupar com esses detalhes. Devemos nos preocupar com os blocos carnavalescos, com as marchinhas de alto padrão e com o desfile das escolas de samba. Até quando? (CÉLIO PEZZA, escritor, página 2, ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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