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domingo, 7 de fevereiro de 2016

A GREVE DE CURTA DURAÇÃO


   A greve realizada pelos aeronautas e aeroviários brasileiros, na última quarta-feira, tumultuou a vida de quem precisava viajar entre as 6 e 8 horas da manhã e causou dificuldades nas horas seguintes, pois os voos ficaram atrasados. Mas poderia servir de modelo para as demais categorias que buscam fazer chegar aos empregadores as suas reivindicações.
   Cabe, por outro lado, aos empregadores, entenderem o recado e partirem para a negociação sincera que leve ao equilíbrio entre o pedido e a possibilidade de seu atendimento. Paralizações de poucas horas e até de minutos, o tempo suficiente para o anúncio da pauta de reivindicações, são comuns nos países desenvolvidos, onde a greve busca apenas produzir os efeitos trabalhistas para os quais é convocada e nem de longe contemplam metas políticas ou ideológicas. 
   O Brasil democrático, feito república sindical, tem padecido com greves intransigentes, irresponsáveis e pouco comprometidas com a sociedade. Os exemplos mais marcantes estão no recente movimento dos peritos do INSS que, mesmo depois de parados por mais de 400 dias onde deixaram de atender e prejudicaram 2 milhões de trabalhadores, voltaram ao trabalho mas ainda mantém a ameaça de parar novamente. 
   Os professores levam seus movimentos a tal ponto que o ano letivo chega a extrapolar dezembro. Médicos da saúde pública e servidores da universidade fazem greves tão longas que a população chega a delas esquecer, só lembrando quando vem a notícia de que o movimento, por alguma razão, terminou. E o pior é que, na maioria das vezes, os grevistas nem tem os dias cortados, ganhando sem trabalhar. 
   O direito de greve é previsto no artigo 9º da Constituição, que estabelece regras para sua realização. Mas o grevismo político costuma não respeitar os limites. As greves acabam por penalizar usuários de serviços e a população e, mesmo assim, os grevistas continuam se dizendo insatisfeitos e politizando o movimento. As infiltrações são claras e contra elas não se faz absolutamente nada. Quando ocorrem em empresas privadas não se alongam tanto porque não há economia que aguente pagar salários sem produção. Mas no âmbito do serviço público, constituem verdadeiros abusos. 
   Oxalá os aeroviários atinjam seus objetivos com a paralisação de duas horas desta quarta-feira. Que as investigações se deem sem intransigências e cheguem a bom termo. Se isso acontecer, será uma demonstração de que, também no Brasil, pode-se fazer greve simplesmente reivindicatória e de baixo impacto na economia do País e na vida das pessoas. Greve política é puro atraso e obscurantismo. ( DIRCEU CARDOSO GONÇALVES – dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo (Aspomil), página 2, ESPAÇO ABERTO, domingo, 7 de fevereiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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