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sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

SER FELIZ... UM DESAFIO



   Por mais que isso possa parecer simplista, é fato que a felicidade não vem de fora, de bens materiais, de fama ou de status. Ela vem mesmo é de dentro. É muito comum ver gente rica infeliz, e gente pobre de bem com a vida. Claro que um mínimo é essencial. O necessário para se viver com dignidade. O que passa do necessário já começa a complicar. 
   Como diz o grande poeta e ‘filósofo’ Renato Russo, “quem tem mais do que precisa ter, quase sempre se convence de que não tem o bastante”. E certamente um dos maiores fatores de depressão e desencanto é a sociedade de consumo, que desperta em nós a sensação de que, para ser feliz e realizados, precisamos incondicionalmente de coisas de que de fato não precisamos, e às quais, normalmente, não temos acesso. Desperta a necessidade, o desejo e... a frustração.

   Perdão e delicadeza

   Uma coisa que faz muito bem à saúde e ao coração é perdoar e não se fixar em sentimentos ruins. Rancor, ressentimento, desejo de vingança , isso corrói a pessoa. É bom lembrar: “O problema não é o que as pessoas fazem a gente, mas o que a gente faz com isso.”
Outra atitude benéfica é a gentileza, a delicadeza. Em nossa sociedade machista, chamar m homem de ‘delicado’ é crime. Mas é cientificamente provado que ser gentil faz a pessoa mais feliz. Um dos grandes males do nosso tempo é que as crianças não estão aprendendo a importância do respeito ao outro, de ceder o lugar, dar prioridade ao outro. 
   Clarice Lispector diz: “as pessoas mais felizes não têm o melhor de tudo, elas fazem o melhor de tudo com o que elas têm.” Aí está outro segredo para usufruir o máximo do mínimo. Já vi muito gente simples fazer a maior festa com uma ‘churrasqueira’ de sucata ou entulho, uma carne de segunda, uma cerveja barata de supermercado, umas pingas e uma ‘bateria’ de latas, colheres e, às vezes, um pandeiro. Festa de fazer inveja aos melhores bufês. É que banda nenhuma, bufê algum consegue gerar alegria se ela não brotar primeiro do coração . O que vem de fora só ajuda. 

   O que conta são as pessoas

  Às vezes as pessoas me pedem pra abençoar sua casa. Uns dizem: não poderei estar, mas o senhor benze lá pra nós. Eu digo: prefiro ir num momento em que as pessoas estiverem, porque o que conta são as pessoas. Você pode estar muito infeliz numa casa luxuosa, como pode estar superfeliz numa casa simples. A bênção pode ser também para a casa, mas é, sobretudo, para quem estará lá. 
   E aí entra outro elemento fundamental: a gratidão. Saber agradecer pelo que tem, ao invés de reclamar pelo que não conseguiu. Quem sabe valorizar, agradecer, reconhecer, raramente será uma pessoa amarga, pessimista, pra baixo.
   Jesus disse: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade”. (Mt 6, 34) Claro que isso não é fácil . Mas aí está um grande segredo para a conquista da paz e da felicidade. O apego ao passado e a ‘pré-ocupação’ exagerada com o futuro sufocam o presente. Gastamos energia demais com aquilo que não existe; ou porque já passou, ou porque ainda não existe. E talvez nem existirá...
   O Livro do Gênesis retrata muito bem uma tendência muito forte no ser humano. Adão se escondeu de Deus. O Criador foi atrás, o encontrou e perguntou: “Por que está fugindo? Por que fez algo que o envergonha? – “Não”, respondeu ele. “Foi a mulher que você me deu!... “Deus, com toda a paciência, vai ao encontro de Eva e pergunta: “O que aconteceu?” – “Eu não fiz nada! Foi aquela serpente que me enganou...” (cf. Gn 3, 8 88). 
   Jogar a culpa nos outros é muito mais cômodo. A saída mais fácil. Porém, o fato de não assumir os próprios erros, não querer se responsabilizar pelas atitudes e escolhas, nos impede de perceber nossas falhas e corrigir. Quem não admite que errou também não sentirá necessidade de mudar ou de se retratar. “Pessoas felizes não culpam os outros por seus próprios fracassos”. 
   Uma grande bobagem é querer se comparar com os outros. Mas é nossa formação. Desde pequenos ouvimos as comparações dos pais: “Seu irmão estuda mais...” “Na escola, no trabalho, sempre nos comparam com outros. E aprendemos fácil. Estão sempre nos comparando. Isso nos leva a pensar que somos melhores que alguém, e ai vem o orgulho, a arrogância, a vaidade; ou nos sentimos inferiores. E vem a frustração, o sentimento de inferioridade. 
   Na verdade, cada pessoa é única. Não somos melhores ou piores; somos diferentes. Além disso, não temos de dar satisfação aos outros, nem podemos ter a pretensão de agradar a todos.} ( PE. JOSÉ ANTONIO DE OLIVEIRA, pároco de Cristiano Otoni-Queluzito. Arquidiocese de Mariana, MG. E-mail: zeantonioliveira@hotmail.com páginas 20 e 21, revista O LUTADOR, Janeiro de 2016).

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