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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O PAPA DO "DEDO VERDE" - EDITORIAL




    Um bom número dos nossos leitores conhece o livro “O Menino do Dedo Verde”. De Maurice Druon. É a estória de um menino, filho de um fabricante de canhões. Ele tem um “polegar verde”, o dom através do qual tudo o que toca se transforma em flores, em alegria. Aos poucos ele muda a vida da cadeia, do hospital, do asilo e até da fábrica de canhões de seu pai, a ponto de a própria cidade “Mirapólvora” mudar o nome para “Miraflores”. 
   Neste início de ano, ao voltar nossa olhar para a situação de nosso país, nas suas várias esferas de poder – Legislativo, Judiciário e Executivo – e ainda o “Quarto Poder”, representado por quem domina os grandes veículos de comunicação -, todos eles marcados por desvios de conduta e atos de corrupção, nos damos conta de que estamos diante de um “Miralama”. 
   Para um feliz Ano Novo, temos a necessidade de acordar em nós esse “Menino do Dedo Verde”. Esse anjo adormecido mora em algum lugar dentro de nós, e outra coisa não é, senão a esperança teimosa que insiste na busca do bem, da verdade e da justiça, da verdadeira alegria. 
   Nosso Papa Francisco tem feito a sua parte e nos vem incentivando a fazer a nossa. Ele tem se esforçado para dar a sua contribuição, a fim de que o mundo se torne mais humano, mais alegre, mais feliz. Creio que podemos, singelamente, chamar nosso Francisco de “O papa do Dedo Verde”. É bem verdade que, como acontece na estória, as aulas curiais lhe dão sono e seu aprendizado se dá com pessoas concretas, com experiências que ele faz com através dos acontecimentos da vida. Mas é inegável que ele tem o dom de trazer mais vida e esperança com seu sorriso, sua proximidade, sua capacidade de acolhida e suas decisões. Por onde passa, semeia flores, semeia vida, alegria...
   No entanto, não lhe faltam opositores, dentro e fora da igreja. Os mais conservadores rejeitam a sua postura antidogmática e desejosa de ser sinal de vida para as situações concretas. O poder econômico não aceita a sua pregação social, na qual postula mais vida para os seres humanos e para o planeta. Há também os extremistas islâmicos marcados pelo ódio “aos infiéis”, que semeiam a morte e o terrorismo e já tramam a morte do papa. E ainda os que apostam nas artimanhas, nos esquemas de corrupção, numa Igreja de privilégios longe da vida concreta do povo. 
   Mas Francisco segue firme e com serenidade, procurando tocar as situações conflituosas com seu do de fé e esperança, recuperando um pouco de paz e de alegria. 
   Todos nós podemos ajudar o mundo a ser um pouco melhor. Todos nós somos vocacionados à promoção da vida, da verdade e da justiça. É com nossas escolhas, ações e decisões, moldadas no projeto de Deus, que acordamos em nós esse anjo bom, esse “Menino” ou “Menina do Dedo Verde”, que tem o poder de fazer florir e alegrar tudo o que está à nossa volta.
   E isso é pra começo de conversa.( IR. DENILSON MARIANO, SDN, EDITORIAL da Revista O LUTADOR, Ano LXXXVII / Nº 3872, JANEIRO/2016).

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