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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

O PAÍS DO ZIKA VÍRUS

Pesquisadores do Instituto Carlos Chagas, da Fiocruz de Curitiba, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, divulgaram esta semana o resultado o resultado de um estudo que confirma que o zika vírus consegue atravessar a placenta das gestantes. Segundo das cientistas que atuou na pesquisa, a descoberta é importante porque são poucos os micro-organismos que conseguem romper essa proteção e confirma a transmissão intrauterina do zika vírus. O trabalho também deve auxiliar no delineamento de estratégias antivirais que visem bloquear o processo de infecção e transmissão. A pesquisa utilizou como amostra a placenta de uma paciente do Nordeste que sofreu aborto. No tecido, elas encontraram amostras do DNA do vírus. Vários países registraram as epidemias pelo zika, mas pesquisadores renomados já vieram a público dizer que a epidemia vivida atualmente no Brasil é a maior já registrada em todo o mundo. Até o ano passado, a infecção causada por esse vírus era considerada uma doença mais leve que a própria dengue. Mas tudo mudou com a descoberta da relação do zika com a grande quantidade de casos de microcefalia em bebês. Segundo dados divulgados anteontem pelo Ministério da Saúde (MS), o Brasil soma 3.381 casos suspeitos de microcefalia e outros 230 confirmados. Os casos ocorrem em 764 municípios de vinte estados e do Distrito Federal. O novo balanço informa ainda 49 mortes de bebês identificados com a má-formação. Por trás dessa calamidade está o Aedes aegypti, que transmite também a dengue a febre chikungunya. Se em 2016 o mosquito transita por grande parte do Brasil, é bom lembrar que o Aedes chegou a ser erradicado do País por duas vezes – nas décadas de 1950 e 1970 – após intensas campanhas de saúde pública. Na época, a preocupação era com a febre amarela, outra doença transmitida pelo mosquito. É inacreditável que algo feito há 60 anos parece hoje, impossível de ser repetido. Enquanto o mosquito vem se adaptando para sobreviver – sem dificuldades – no século 21, o País perde a batalha. Governos e prefeituras subestimaram o avanço do Aedes e, agora, de que adianta o exército nas ruas se falta conscientização por parte da população e investimento público para ações competentes? ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, sexta-feira, 22 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).        

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