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segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

NOVAS TÉCNICAS DE COMBATE AO AEDES


   Estratégias vão desde bactérias que exterminam larvas e ‘esterilizam’ o mosquito até tinta repelente que promete proteger imóveis por quatro anos

   São Paulo - Bactéria que exterminam larvas e “esterilizam” mosquitos, espécies geneticamente modificadas, tinta repelente e aplicativos que mapeiam áreas críticas. Ao menos seis novas estratégias estão sendo pesquisadas no combate ao Aedes aegypti, mosquito que vem causando epidemia de dengue, zika e chikungunya. Uma delas é a bactéria que mata as larvas, mas é inofensiva para outras espécies, inclusive a humana. 
   De acordo com o virologista Paolo Zanotto, da Universidade de São Paulo (USP), o micro-organismo BTI (Bacillus huringiensis israelenses) produz cristais proteicos e tóxicos. Ao ingeri-los, as larvas acabam morrendo. 
   Um projeto-piloto será feito em São Carlos (SP), e a meta é estender a iniciativa a outras regiões, com a ajuda de aeronaves que “pulverizam” a bactéria nos criadouros. 
   Outra pesquisa prevê a inoculação da bactéria Wolbachia no mosquito, a fim de incapacitá-lo a transmitir doenças. Realizado pela Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, e pela universidade Monash (Austrália), o estudo integra um projeto global de combate à dengue. 
   Segundo Scott O’Neil, coordenador mundial do projeto, a estratégia funciona também para outras doenças relacionadas ao mosquito. 
   Os testes estão sendo feitos em Tubiacanga (RJ). De acordo com os pesquisadores, mais da metade da população de mosquitos já tem Wolbachia. Os estudos que demonstrarão o impacto da bactéria nos casos de dengue devem demorar até cinco anos para serem concluídos. 

   NO RADAR

   Outro projeto da USP de São Carlos, com apoio do Google, é a criação de um sensor que detecta a presença do inseto no ambiente por meio do som emitido por ele. A vantagem é saber em tempo real quais são os locais com maior densidade do mosquito, agilizando o combate.
   Já na Bahia, o governo desenvolve um aplicativo para mapear criadouros do Aedes e casos de doenças transmitidas por ele no Estado. “ Será um ‘waze do mosquito’. A gente esperava envolver os moradores e acelerar a comunicação dos focos”, afirma Roberto Badaró, subsecretário da Saúde. 
   Na área da nanotecnologia, outra pesquisa é uma tinta repelente de mosquitos que promete proteger residências e prédios públicos por até quatro anos. 
   “A tinta aprisiona o inseticida”, explica Badaró. O produto, fabricado por uma indústria portuguesa, será testado em 2016 em alguns bairros de Salvador. 
   Para Paolo Zanotto, da USP, “vale tudo” na guerra contra o Aedes. “Precisamos jogar todas as cartas na mesa e fazer uso racional de todos os recursos”, afirma. 

   SAIBA MAIS 

   Entenda os novos métodos que estão sendo desenvolvidos contra o mosquito Aedes aegyptis

   MOSQUITO GENETICAMENTE MODIFICADO

   . O quê – Uso de espécimes de Aedes aegypti manipuladas geneticamente que visa o extermínio do mosquito. 

    .Como age – Apenas a fêmea de Aedes aegypti pica pessoas e transmite a doença. O inseto transgênico macho criado pela Oxitec impede a proliferação das fêmeas ao fecundá-las com esperma que gera filhotes que não vingam. Sem copular com os machos saudáveis, as fêmeas deixam de se reproduzir e a população do mosquito começa a diminuir. 

   . Estágio – Foi testado em Jacobina (BA) e em Piracicaba (SP), recebeu aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas depende de aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliação do uso. 

   TINTA DE PAREDE ANTIMOFO

   . O quê – Tinta de parede feita com moléculas repelentes que promete afastar mosquitos Aedes aegypti. 

   . Como age – Aplicada nos interiores e exteriores de residências, a tinta protegeria os ambientes por até quatro anos.

   Estágio – Fabricada por uma empresa portuguesa, a tecnologia será testada na Bahia neste ano 

   BACTÉRIAS (Há dois tipos) 

   Wolbachia

   O quê – Inoculada no mosquito Aedes, a bactéria Wolbachia incapacita o inseto a transmitir doença como dengue e zika. 

   Como age – Machos com wolbachia que acasalam com fêmeas nativas sem o vírus geram ovos que não vingam. Já quando a fêmea está infectada, os ovos que ela gerar carregarão a bactéria consigo. A presença da bactéria no organismo do mosquito bloqueará a transmissão da doença. 

   Estágio – Em fase de testes pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O impacto ainda levará de três a cinco anos para ser avaliado

   BTI

   O quê – Uso de um micro-organismo (Bacillusthuringiensisisraelensis – BTI), que extermina as larvas do Aedes. Mas é inofensivo para vertebrados.

   Como age – Pequenas esferas contendo a bactéria são jogadas nos criadouros. Em menos de cinco horas. o bacilo mata 50% das larvas. Depois disso, a letalidade aumenta, matando quase 100% delas por mais de 10 semanas. 

   Estágio – Pesquisadores da USP firmaram parceria com a Prefeitura de São Carlos e a Embraer para espalhar a bactéria em criadouros. 

   APLICATIVOS 

   “WAZE DO MOSQUITO) 

   O quê – Projeto colaborativo desenvolvido pelo governo da Bahia e pesquisadores da Fiocruz. 

   Como age – Parecida com o aplicativo de trânsito, a proposta é que o poder público e os moradores alimentem o programa com informações em tempo real dos focos do mosquito Aedes aegypti e casos das doenças transmitidas por ele. 

   Estágio – Deverá ser lançado no primeiro semestre de 2016, segundo a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia. 

   SENSORES DE MOSQUITO 

   O quê – Sensor que detecta a presença do Aedes aegypti no ambiente. 

   Como age – Por meio do som emitido pelo inseto, o sensor identifica em tempo real se ele é o Aedes e até mesmo se é a fêmea do mosquito (responsável por transmitir as doenças) 


   Estágio – Ainda em fase de desenvolvimento pela USP de São Carlos. ( CLÁUDIA COLUCCI – Folhapress, página 10, FOLHA SAÚDE , segunda-feira, 4 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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