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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

GASOLINA CONTINUARÁ PESANDO NO BOLSO


   O escândalo provocado pela Operação Lava Jato não é a única situação que puxa para baixo o nome da Petrobras. Paralelamente às denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a maior estatal brasileira, a empresa ainda precisa administrar as fortes quedas no preço do barril de petróleo e cortes em investimentos. Na última terça-feira, a Petrobras anunciou novo corte de US$ 32 bilhões em sua estimativa de investimentos até 2019. Em três meses, é a segunda revisão em seu plano de negócios para o período de 2015 a 2019. O valor total de investimento para os próximos quatro anos é de US$ 98 bilhões. 
   Segundo a estatal, o corte tem por objetivo adequar os gastos ao cenário de preços do petróleo e de baixa de câmbio. Lembrando que em 12 de janeiro de 2016, mesmo dia em que a Petrobras anunciou a revisão, o valor do barril de petróleo foi negociado nos Estados Unidos a US$30,44 , a menor cotação em 12 anos. Diante desse panorama, as ações preferenciais da estatal brasileira caíram 9,2%, sendo vendidas a R$ 5,53 – a menor taxa desde 2004. Para se ter uma ideia de como o preço do barril de petróleo está caindo, basta voltar a agosto de 2014, quando ele era comercializado US$ 100 dólares. Só em 2015 a queda acumulada foi de 35%.
   Com a diminuição dos investimentos, cai também a meta de produção de petróleo para 2020, passando de 2,8 milhões 2,7 milhões de barris por dia. Mesmo com a cotação do petróleo caindo, é preciso observar que o preço da gasolina se mantém em alta aqui no Brasil – 14% superior à cotação do combustível no golfo do México, usada como referência nos mercados do Atlântico. No caso do diesel, a diferença é ainda maior. Se depender do Conselho de Administração da Petrobras, a diferença não deve diminuir pois a atual crise financeira da estatal não permite redução de preços o Brasil. E olhe que a medida poderia ajudar a reduzir a inflação. 
   Não faz tanto tempo que os acionistas da Petrobras reclamavam da defasagem entre os preços dos combustíveis praticados no Brasil em relação ao preço no exterior. Em 2014, em plena campanha eleitoral, a oposição disse que o governo de Dilma Rousseff usava a Petrobras para fazer políticas de preços e manter a inflação em baixa. Passadas as eleições, a política de preços dos combustíveis mudou. A defasagem, agora, beneficia o cofre da empresa. O mesmo não se pode dizer quanto ao bolso do brasileiro. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, quinta-feira, 14 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). 

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