Páginas

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A CONSOLAÇÃO DOS AFLITOS


   De manhã, abro a janela e vejo o luar. É um acontecimento raro, quase miraculoso: Lua cheia , em todo o seu fulgor, vista de dia. Imediatamente penso em Maria. Assim como a Lua brilha graças ao Sol, a Mãe de Jesus reflete a Luz de Deus. Dante a definiu, na Divina Comédia, como “Filha de seu Filho”; a relação entre a Lua e o Sol traduz uma parte desse mistério. 
   Quando vou pegar o jornal, ainda com a xícara de café na mão, vejo que a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida acaba de chegar a Londrina. Então compreendo o porquê desse luar matinal: é a maneira que o céu de Londrina encontrou para dar boas vindas à Padroeira do Brasil. As palavras “mãe” e “mão” não se parecem por coincidência. Mãe é aquela que nos ajuda e nos estende a mão quando é mais necessário. 
   Um dos títulos de Maria é Consoladora dos Aflitos. Durante as minhas orações matinais, peço a ela que ajude a secar as lágrimas daqueles que sofrem agora. Não as minhas lágrimas, que são poucas e quase todas de alegria; as lágrimas de meu amigo Valdir, cujo filho está doente e precisa de dinheiro para pagar um medicamento caro e imprescindível, s lágrimas de uma querida amiga, também chamada Maria, que está desempregada e preocupada com o futuro de seus pais e de seu País. As lágrimas do meu pároco, cujo pi enfrenta a dor silenciosa do mal de Alzheimer; as lágrimas de um querido professor amigo, um sábio homem chamado Olavo de Carvalho, que tem sido atacado ferozmente de todas as maneiras possíveis. Rezo por todos aqueles que sofrem, pois como o próprio Filho do Homem prometeu no alto da montanha, os que choram serão consolados. 
   Daí eu penso que o pais inteiro precisa agora, mais do que nunca, da sua Padroeira. Todos nós – inclusive os que se encontram no poder e a ele estão presos – necessitam de ajuda que vem do Céu. Sem esse auxílio, é quase certo que nos devoraríamos uns aos outros tal como serpentes enlouquecidas. 

   SOBRE ANDRÉ

   André um nome eu significa homem (Andros, em grego). No Novo Testamento, ele é o primeiro homem a ser chamado por Jesus. Irmão de Pedro, que se tornaria o primeiro papa e também pescador, o André bíblico foi discípulo de João Batista e era um homem de grande fé e vida interior. O papa Bento XVI lembra que na igreja bizantina André é chamado de “Protóklitos”, que em grego quer dizer “o primeiro chamado”. 
   Conheço o André desde pequeno. Filho do meu amigo Valdir Grandini (mais conhecido como Dentinho), ele demonstrava ainda criança um grande talento para o desenho e a comunicação. No ano passado, André foi diagnosticado com melanoma. 
   O nome desse jovem não existe por acaso. André representa para nós a condição humana em sua vulnerabilidade. Somos homens, portanto, frágeis como dentes-de-leão. Se não nos unirmos em defesa da vida, acabaremos todos igualmente aniquilados. Mas estou certo que o André vai vencer essa batalha. Até porque nós e ele temos algo em comum: o nome de mãe também é Maria. ( Fale com o colunista. avenidaparana@folhadelondrina.com.br, página 3, caderno Folha Cidades, espeço AVENIDA PARANÁ, por PAULO BRIGUET, terça-feira, 26 de janeiro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA.

Nenhum comentário:

Postar um comentário