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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

SINAL DE ALERTA PARA A SAÚDE PÚBLICA



   Quem não se mobilizou com o desespero de um médico do Hospital de Base, de Brasília, em vídeo que circulou nas redes sociais, em setembro deste ano, que aos gritos dizia que faltava tudo no hospital? Era uma tarde de sábado e uma equipe do Corpo de Bombeiros levava para aquela emergência um homem acidentado. A gravação foi feita por um paciente que aguardava o atendimento. O médico, com o cansaço estampado no rosto, dizia que estava estressado, que estava de plantão há muito tempo, que faltava tudo e ele queria sumir dali. 
    A cena que se viu no Hospital de Base poderia ter acontecido em qualquer outro grande hospital público do Brasil. Mesmo aqui no Paraná, a situação é muitas vezes desesperadora para profissionais de saúde, pacientes e familiares que acompanham os doentes. Se 2015 não foi um ano fácil para a saúde publica, 2016 não parece que será melhor. Com o aumento da taxa de desemprego, pessoas que tinham plano particular de saúde e que não podem mais arcar com o serviço, estão migrando para o Sistema Único de Saúde (SUS). Acontece que o SUS terá que se adequar para receber essa demanda sem piorar ainda mais o serviço. Se não houver gestão administrativa mais eficiente, criatividade, responsabilidade e rapidez na solução dos problemas, o caos acabará se instalando. 
   No início deste mês, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) confirmou o indicativo de interdição ética do Hospital Universitário (HU) de Maringá e do São Rafael em Rolândia. As instituições têm 180 dias para regularizar as condições para a prática dos profissionais na área da saúde e implantar melhorias para atendimento da população. Se as irregularidades não forem sanadas, os hospitais podem ser impedidos de exercer a medicina em qualquer das suas áreas.
   O CRM realizou 1.305 fiscalizações até novembro de 2015 em hospitais paranaenses. As vistorias analisaram o atendimento do SUS, escalas de plantões, estrutura e equipamentos, qualificação de profissionais, entre outros itens. A conclusão de trabalho confirmou o que todos já sabiam. O SUS apresenta um sistema “caótico” em todo o Brasil, colocando em risco a população e expondo médicos sem condições de trabalho. 
   Sai governo e entra governo e o problema é sempre o mesmo no que diz respeito à saúde pública no Brasil. Não é só uma questão de falta de dinheiro, mas também na ineficiência na gestão dos recursos públicos. Assim como na ausência de programas de prevenção, que poderiam ajudar a reduzir a demanda de doentes, e na dificuldade dos postos de saúde municipais em absorver os pacientes com problemas de baixa complexidade, que acabam lotando os prontos-socorros dos hospitais de referência. ( FOLHA OPINIÃO opiniao@folhadelondrina.com.br página 2, segunda-feira, 21 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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