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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

MAIS PEDESTRES E CICLISTAS, MENOS CARROS!



   Ex-secretária de transportes de Nova York, Janette Sadik-Khan compartilhou no Brasil experiências de mobilidade na megalópole, como restringir veículos na Times Square

   Responsável por humanizar Nova York ao priorizar pedestre, ciclistas e transporte público em detrimento de carros, a ex-secretária de Transporte da cidade americana Janette Sadik-khan opinou também sobre o polêmico Uber. Lá nos Estados Unidos, desenvolveu experiências que podem ser repetidas, replicadas e adaptadas em cidades brasileiras. Ela esteve recentemente no Brasil, na conferência Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre (RS). “Não há dúvidas de que o futuro do transporte público   incluirá o Uber”, respondeu, ao ser questionada sobre o aplicativo de “Caronas” pagas.
   O Uber tem sofrido resistência em muitos lugares em que existe, entre eles cidades como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro. Muitas prefeituras têm tratado o transporte como clandestino, embora agrade aos usuários por ser uma alternativa ao serviço de táxis. O aplicativo chegou em Nova York em 2011 e teve de superar os mesmos entraves. Janette avalia ser importante estipular que o serviço atenda a todas as regiões da cidade e tenha veículos acessíveis a deficientes físicos.
   Janette compartilhou as experiências que liderou em Nova York. À frente da secretaria de Transportes da cidade entre 2007 a 2013, restringiu o espaço para veículos na Times Square e criou mais de 40 novas ciclovias e vias compartilhadas. No currículo, ainda carrega a instalação de sistema de aluguel de bicicletas e de linhas rápidas de ônibus e a ampliação de áreas para pedestres, em espécies de praças erguidas em meio a avenidas – 60 foram feitas em seis anos.
   “É incrível  a mudança cultural. Seis anos antes, as pessoas diziam que éramos loucas (a limitar o trânsito na Times Square). Seis anos depois, as pessoas diziam que seríamos loucas se colocássemos os carros de volta”, compara.
   Mas, a urbanista argumenta que, não basta dar mais espaço para que as pessoas circulem na cidade: é preciso incentivá-las a fazer uso dos que já foram criados. No dia em que o trânsito foi desviado da Times Square a prefeitura providenciou, às pressas, cadeiras de prais para que as pessoas ocupassem o local. O incentivo funcionou.


   DEBATE

   A experiência resume a solução para cidades, pensada por Janette, ao adotar medidas provisórias de baixo custo para sugerir mudanças. Se forem aprovadas pela população, o projeto se concretiza – caso contrário, volta-se atrás. Trocar ideias com moradores e ouvir as demandas são, para a urbanista, premissas fundamentais. “Sem carros,  ruas ficam mais seguras, lojas lucram mais, ônibus anda mais rápido. É uma estratégia de desenvolvimento, não só de sustentabilidade”, ressalta Janette.
   Para o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil em São Paulo (IAB-SP), José Armênio de Brito Cruz, mediador da palestra, o Brasil ainda engatinha no que diz respeito à cultura urbana. “Foi uma gestão (de Janette)  que focou no pedestre enquanto qualidade de trânsito e de vida, e os indexadores mostram que não só melhorou a qualidade de vida dos nova-iorquinos, mas também melhorou economicamente e desenvolveu a cidade. É uma contribuição para o Brasil, que enfrenta, muitas vezes, obstáculos que parecem intransponíveis.” ( DÉBORA ELY/ Agência RBS, página 9, geral TRÂNSITO, quarta-feira, 9 de dezembro de 2015, publicação do JORNAL DE LONDRINA).

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