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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

FIM DA QUIMIOTERAPIA PODE ESTAR PRÓXIMO


   São Paulo – Proporcionar aos pacientes mais anos de vida com melhor qualidade. Este é o principal objetivo das mais recentes pesquisas científicas apresentadas no maior congresso de doenças do sangue do mundo, que terminou na última terça-feira em Orlando, Estados Unidos. É o congresso da American Society of Hematology, conhecido como ASH, que reúne  cerca de 25 mil participantes em sua 57ª edição. Mais de uma centena de médicos brasileiros esteve presente.
   Os cientistas apresentaram resultados de pesquisas que visam a substituição total ou parcial da quimioterapia por terapias-alvo, que atingem as células cancerosas preservando as demais, além de medicamentos orais que substituem os injetáveis com benefícios para os pacientes, entre outras inovações no tratamento de cânceres.
   Durante o congresso, o especialista Richard Stone apresentou uma pesquisa que teve duração de dez anos e envolveu 750 pacientes idosos com leucemia mieloide aguda de mais de dez países. Ele provou que o uso combinado de quimioterapia com uma nova droga alvo, chamada Midostarim, proporciona um aumento significativo de 40% para 50% no número de sobreviventes em longo prazo.
   O médico Eduardo Rego, diretor da Associação Brasileira de Homeopatia e Homotoxicologia (ABHH), titular da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, disse que esse resultado poderá mudar a forma de tratamento de pacientes com esse tipo de leucemia, que tinge a cada ano 10 mil pessoas só nos Estados Unidos.
   Em relação ao mieloma múltiplo, os cientistas  vêm conseguindo transformar uma doença incurável em doença crônica, tratável. Outro diretor da ABHH, o especialista Ângelo Maiolino, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), avaliou os últimos resultados apresentados durante o ASH e concluiu que os participantes que têm acesso às novas terapias conseguem ter uma vida normal como os pacientes com hipertensão ou diabetes. Três novos medicamentos aprovados pelo FDA já estão sendo utilizados com registros de “excelente melhora na qualidade de vida e de sobrevida”.


   ACESSO DOS  MEDICAMENTOS

No Brasil, os pacientes enfrentam vários problemas para ter acesso já aprovados há vários anos nos Estados Unidos, na Europa e em países latino-americanos. “O principal problema é a demora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovar esses medicamentos, além das dificuldades impostas pelo governo para a participação dos pacientes brasileiros em estudos clínicos internacionais.”
Carlos Chiattone, também diretor da ABHH e professor titular da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, especialista em linfomas fez um balanço das principais apresentações do ASH concluindo que, em um futuro próximo, entre cinco e dez anos, a quimioterapia convencional deverá ser substituída por um conjunto de drogas inteligentes. “São drogas mais afetivas com menor efeito colateral e de uso oral, portanto de fácil administração”, destacou Chiattone. Com base nos resultados apresentados em Orlando ele prevê: “Uma grande revolução no tratamento oncológico.”

NOVO ESTUDO

A Janssen apresentou os dados de um estudo com ibrutinibe que demonstrou resultados positivos e promissores em pacientes com leucemia linfoide crônica (LLC) ou linfome linfocítico de pequenas células (SLL) virgens de tratamento, com 65 anos ou mais. Nesses pacientes, ibrutinibe prolongou significativamente a sobrevida livre de doença (PFS- progression-free survival, na sigla em inglês), objetivo primário do estudo, e a chamada sobrevida global (OS – overall survival, na sigla em inglês), um parâmetro secundário importante, além de melhorar também outras medidas hematológicas.
Aos 24 meses de acompanhamento, ibrutinibe foi associado a um índice de sobrevida global de 98%, versus 85% de clorambucil, comparador utilizado no estudo. Estes dados também foram apresentados durante o Congresso da Sociedade Americana de Hematologia (ASH), em Orlando. ( REPORTAGEM LOCAL, página 2, FOLHA CIDADES, sexta-feira, 11 de dezembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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