Páginas

domingo, 15 de novembro de 2015

GERAÇÃO Y SONHA EM FORMAR FAMÍLIA, MAS DE UM JEITO DIFERENTE


   Pesquisa realizada pela PUC – RS mostra que o jovem brasileiro transformou o conceito de estrutura familiar e acredita em modelos muito diferentes

   Três anos atrás, pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) deu início a um projeto que levaria a uma revelação surpreendente, apesar de todas as mudanças comportamentais das últimas décadas, o jovem brasileiro ainda tinha entre suas grandes aspirações a formação de uma família.
   O mesmo grupo acaba de concluir uma ampla pesquisa que confere contornos mais nítidos àquela descoberta: sim, a chamada geração Y continua a sonhar com uma família, mas o que ela entende por família é uma coisa bastante diferente do conceito tradicional. 88,1% consideram que um conceito de família fundamental ou muito importante e 11,9% consideram irrelevante ou pouco importante.
   “Houve um processo de transformação. Para essa geração, a família pode ter tantos vieses e outros formatos” observa Ilton Teitelbaum, coordenador do núcleo de pesquisa do Espaço Experiência, ligado à Faculdade de Comunicação Social, (Famecos), responsável pelo projeto.

   Retrato

   A pesquisa Ideias e Aspirações do Jovem Brasileiro sobre Conceitos de Família  foi realizada com 1,5 mil pessoas entre 18 e 34 anos, de todas as regiões do país. Os entrevistados foram selecionados de forma a refletir uma amostra representativa da sociedade. O retrato que emergiu daí evidencia que o Brasil está mudando.
   Um primeiro dado que chama a atenção diz respeito à orientação sexual: chega a 28% a proporção de jovens que se declaram homossexuais ou bissexuais, o que Teitelbaum define como um “choque de gênero”. Pelas declarações, há mais bissexuais no público feminino e mais homossexuais no segmento masculino.
   Outro choque é religioso. O Brasil pode ser considerado o maior país católico do mundo, mas entre os jovens essa opção é minoritária.  Apenas  um em cada três dizem seguir a Igreja de Roma. Os ateus e agnósticos somam 25,5%. Ateísmo, agnosticismo e fé sem religião somam 32,14%, quase um terço do total. No Nordeste há mais católicos. No Norte, mais evangélicos. No Sul e no Sudeste, mais ateus.
   No que diz respeito à família em si, a aceitação de formas alternativas é expressiva.  A  maior parte dos jovens não pretendem casar na igreja, não rejeita nenhuma forma de organização familiar e acredita que os papéis de mãe e pai são unissex.
   “Essa  geração é permeável a várias formas de família. Entende que a vida é para ser vivida, não para ser ditada. Não se enquadra 100% nos padrões do passado. Para ela,  as tarefas do lar podem ser exercidas tanto pelo homem quanto pela mulher”, afirma Teitelbaum.
   Ainda segundo a pesquisa, a luta contra o preconceito parece ter resultados nessa geração (veja quadro), já que a opção “nenhuma” é predominante no quesito familiar que menos agrada. No entanto, a maior rejeição ainda é em relação às famílias homoafetivas.
   O pesquisador observa também que os jovens da atualidade são imediatistas e  pensam primeiro no “eu” – antes de se casar, por exemplo, querem arrumar a vida. Eles também têm como característica um certo utilitarismo no que diz respeito à família: sua visão é de que o grupo familiar é algo prático e útil. E é, claro, uma geração superconectada, para a qual ter internet e wifi é algo muito mais importante do que possuir um freezer ou um carro. (ITAMAR MELO, RBS, página 9, geral, JOVENS, fim de semana, 14 e 15 de novembro de 2015, ´publicação do JORNAL DE LONDRINA).  

Nenhum comentário:

Postar um comentário