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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

FÍSICO FAZ CAMPANHA PARA PAGAR PESQUISA




   Curitibano quer investigar se é possível mover a matéria coma força da mente

   Curitiba – É possível mover a matéria com a força da mente? Se essa pergunta desperta sua curiosidade, saiba que você pode ajudar o físico curitibano Gabriel Guerrer, 31 anos, a encontrar respostas. O paranaense lançou uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding)com o objetivo de pagar as despesas de execução da sua pesquisa sobre esse fenômeno, chamado de psicocinese. Os custos somam, no mínimo, R$ 48 mil. Até ontem, a campanha tinha arrecadado 75% do total. A partir de hoje, Guerrer tem nove dias para conseguir o suporte financeiro para levar o trabalho adiante, que faz parte do seu projeto de pós-doutorado junto ao Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), iniciado em julho de 2015.
   |Guerrer explica que precisou recorrer ao financiamento coletivo pois o caráter pioneiro da pesquisa não permitiu que se enquadrasse nos mecanismos de fomento convencionais. Ele conta que o seu pedido de bolsa a um órgão público retornou com o argumento de que a pesquisa “não se enquadra na lista de prioridades”. Mas ele diz que a resposta não o desanimou. “Nessa  época de crise, eles tendem a privilegiar linhas de pesquisas tradicionais. Inovação implica em certo risco. Mas então eu pensei: dou um jeito: dou aquela rebolada”, brinca. O recurso é para pagar, entre outras coisas, a compra de equipamentos e um estágio nos Estados Unidos com um pesquisador que já realizou o mesmo experimento e obteve resultados positivos.
   O pesquisador diz que é surpreendente o debate que a campanha que o debate está gerando na web. Principalmente porque quando se entra no espaço de Guerrer na plataforma escolhida para o financiamento coletivo, a Catarse, o visitante encontra um vídeo muito didático e feito sobre o projeto de pesquisa. As cenas iniciais apelam para a paixão do brasileiro pelo9 futebol.  “O  ano é de 1994, final da Copa do Mundo. O Brasil inteiro direcionava sua atenção para uma bola que estava a quilômetros de distância. Todo mundo sabe que não dá para mover um objeto pela força do pensamento. Mas naquela hora eu aposto que muitos esqueceram que isso é impossível. Ou será que não”, diz o narrador, o próprio Guerrer.
   O físico defende que sua pesquisa é importante por investigar em laboratório temas que, até então, residem no campo da filosofia e do misticismo, direcionando uma discussão muito antiga e que chega aos dias de hoje como um abismo entre as tradicionais visões científicas e o que o público em geral acredita sobre a natureza da realidade.
   Gabriel Guerrer é curitibano, estudou a graduação na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e é doutor em Física pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Estudou a física de partículas elementares e participou do experimento LHCb no acelerador de partículas do laboratório Cern, na Suíça. Atualmente, além de conduzir a pesquisa de pós-doutorado na USP, ele oferece cursos livres de física quântica para o público leigo.
   “O mundo de fora é uma extensão de nós”

   Curitiba – A proposta de Gabriel Guerrer é replicar o experimento feito pelo professor Dean Radin, do Institute of Noetic Sicences (IONS) nos Estados Unidos. Radin investigou a tradicional experiência da área da física, a fenda dupla, com a novidade da presença de participantes que tentavam influenciar o comportamento da luz apenas com a sua intenção mental. Contrariando o esperado, os resultados de Radim são positivos, com o detalhe de que apenas os participantes com treinamento em meditação conseguem demonstrar o fenômeno.
   O projeto do paranaense tem apoio do Laboratório de Psicologia Anomalística e Processos Psicossociais (interpsi) e a pesquisa acontecerá em um laboratório multiusuário do Instituto de Física, em uma parceria inédita dos institutos.
   Guerrer propõe algumas melhorias no experimento original de Radim, para ter certeza de que a mente é a real responsável pelo efeito, e não alguma fonte de interferência. Na USP, ele pretende monitorar todos os fatores que podem interferir no resultado, como vibrações, variações de temperatura e campos magnéticos, algo que Radim não fez. “A ação causal da mente sobre a matéria à distância revelaria a existência de um força até então desconhecida, mostrando que a descrição física atual do universo estaria incompleta. Se isso for realmente verdadeiro, ganharemos indícios de que não estamos limitados aos contornos do corpo humano e que, em certo sentido, o mundo de fora é uma extensão de nós mesmos.” Os interessados podem conhecer a proposta de Guerrer acessando: https://www.catarse.me/mentemateria. (A.D.C.) ( ADRIANA DE CUNTO – REPORTAGEM LOCAL, página 6, FOLHA GERAL, geral@folhadelondrina.com.br, sexta-feira, 20 de novembro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).  

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