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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

JOVEM MATOU A SEDE DE QUASE UM MILHÃO DE PESSOAS


   

Quando tinha 6 anos, o canadense RyanHreljac construiu o primeiro povo de água em comunidade carente e não parou mais.

Curitiba - Muita gente deve se lembrar da história do menino canadense que, em 1999, então com 6 anos, fez uma campanha para arrecadar dinheiro para a construção de um poco de água em um vilarejo da Uganda, na África . Na época, reportagens de televisão e jornais de vários países mostraram a iniciativa do garoto Ryan Hreljac , morador da cidade de Kemptville (Ontário).
Mas o que nem todos sabem é que hoje, aos 24 anos, ele continua engajado na causa de viabilizar água potável para pessoas carentes, principalmente na África e no Haiti. Só que agora por meio da organização Ryan’s Well Foundation , criada em 2001. Hreljac esteve recentemente em Curitiba como um dos palestrantes do 8º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. 
  A história de Hreljac é bastante inspiradora e começou na escola, quando a professora disse aos alunos que na África havia crianças que não tinha acesso fácil à agua e que precisavam andar aproximadamente cinco quilômetros até a fonte mais próxima. “ Eu precisava só dar dez passos para pegar água limpa", contou. Motivadíssimo, em quatro meses ele arrecadou US$ 70 com os familiares, quantia que o menino acreditava ser suficiente para abrir o poço – mas na verdade, o equivalente a R$ 280 só dava para comprar uma bomba manual. “ Setenta dólares era muito dinheiro porque eu só tinha 6 anos “, brincou. Mas ele não desanimou quando descobriu que para construir o poço tinha que juntar US$ 2 mil. O garoto envolveu a comunidade, vizinhos, amigos, parentes e um ano depois conseguiu a quantia necessária. Logo depois, com ajuda novamente dos vizinhos, o canadense conseguiu passagens aéreas para viajar com os pais a Uganda e conhecer a comunidade beneficiada com aquele primeiro poço. Ele lembrou que a viagem foi uma experiência incrível, pois pôde ver como o acesso à agua limpa fez diferença no vilarejo. 
Nesses 15 anos desde a sua fundação, a Ryan’s Well Foundation contribuiu na construção de 880 projetos relacionados à agua e 1.120 latrinas, proporcionando água potável e melhorando o saneamento para mais de 800 mil pessoas de 16 países. Os locais são escolhidos pensando no grau de envolvimento da comunidade, essencial para que o projeto que visa melhorar a qualidade de vida caminha com a força dos próprios beneficiados. A organização vive de doações sendo 90% delas de cidadãos comuns, inclusive alguns brasileiros. O restante das doações vem de empresas.
O jovem que se formou em Desenvolvimento Internacional e Ciências Políticas pela Universidade de King’s College , em Halifax (Canadá) , lembra que aos 6 anos acreditava que um poço resolveria o problema da água no mundo. “ O fato de não entender a dimensão do problema fez com que eu agisse “,recordou. Na opinião dele, é muito fácil para as pessoas permanecerem na zona de conforto e ficarem ignorantes aos problemas do mundo. “ É preciso fazer alguma coisa fora da sua zona de conforto, mesmo que seja uma coisa pequena “, disse. 
O trabalho do jovem canadense foi reconhecido por muitos governos. Entre as premiações e honrarias, Ryan Hreljac, recebeu a “ Ordem de Ontáro “, sendo o mais jovem a recebe-la, o “ Prêmio Duque de Edimburgo – Gold Award “ e o “ Prêmio Humanitário Nelson Mandela Planeta África Award “. Eu vi que pela água você pode fazer tanta coisa”, comentou, Curitiba um pequeno passo . No final do dia, você é só uma pessoa. Mas é uma pessoa que pode fazer a diferença “. 

A DIFÍCIL TAREFA DE ENGAJAR 
     

Curitiba – São muitas as histórias de crianças, jovens e adultos que abraçam uma causa, disponibilizando tempo e energia em um trabalho voluntário. Assim como são muitas as pessoas que, mesmo sensibilizadas com problemas ambientais ou sociais, não estão motivadas o suficiente para arregaçar as mangas. Para a norte-americana Sue Gardner, responsável pela elaboração de um novo modelo de gestão e engajamento da comunidade no Golden State National Parks Conservancy, questões educacionais e culturais podem explicar o baixo grau de interesse das pessoas na participação em projetos voluntários. Ela acredita que esse realidade seria diferente se as escolas incentivassem ou até obrigassem a participação dos estudantes em projetos sociais.
Sue Gardner também foi uma das palestrantes do 8º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) . Com a liderança dela, o parque ganhou modos inovadores de engajamento da comunidade urbana à causa de conservação ambiental. Tanto que a iniciativa é considerada de vanguarda na construção de parcerias, participação e articulação. 
Para a norte-americana, os jovens ainda são mais fáceis de recrutar para o voluntariado do que adultos . “ Se eles gostarem, eles chamam os amigos, mostram nas redes sociais “, observou. Mas como fazer eles gostarem? “ Você precisa estar preparado para receber o voluntário . Se ele não vê importância naquilo que está fazendo, ele não volta “, ensinou. 
A psicóloga Rita de Cássia Lous, coordenadora do voluntariado do Hospital Pequeno Príncipe, de Curitiba disse que a cultura do voluntariado ganhou mais força no Brasil a partir de 2000 , escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional do Voluntariado. Ela lembrou que antigamente a atividade estava relacionada à caridade,. “ Mas hoje o voluntariado já está sendo encarado como uma questão social . As pessoas perceberam que são voluntários para transmitir alguma coisa boa para os outros, mas também para receber, para satisfação pessoal “, explicou. 
Assim como Sue Gardner, Rita Lous acredita nos benefícios do voluntariado para os adolescentes, tanto que há projetos no hospital agregando os jovens. “ Os professores perceberam mudanças de comportamento nos alunos voluntários, melhorando muito a questão do consumismo. Eles começaram a refletir mais no que é a vida de verdade “, comentou. 
Roseli Bassi, fundadora e gestora do Instituto História Viva, não vê muitas dificuldades em recrutar voluntários para a sua causa de levar a leitura para as crianças , adultos e idosos em hospitais, , abrigos e asilos. “ A maior dificuldade é a manutenção dos voluntários “, destacou. Isto porque muitos contadores de história desistem do trabalho devido às dificuldades de conciliar horários. Além disso, como os projetos envolvem pessoas em situação de fragilidade, há voluntários que acabam entrando em conflito pessoal.
Ás vésperas de completar 10 anos (próximo 7 de novembro), o Instituto está presente em cinco municípios do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, chegando ano que vem no Rio de Janeiro. São 300 voluntários ativos e milhares de pessoas que já passaram pelos seus cursos de capacitação. (A.D.C.) ( ADRIANA DE CUNTO – Reportagem Local, página 3, Folha Cidades, sesexta-feira, 9 de outubro de 2015, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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