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quarta-feira, 16 de setembro de 2015

UM BOSQUE CHEIO DE HISTÓRIAS

    


     Os galhos que hoje abrigam milhares de pombas já serviram de sombra para momentos lúdicos de Londrina.

  Historicamente, ele é mais antigo que a própria cidade. Em 1931, três anos da criação de Londrina, e muito antes dos vários prédios e construções que hoje o cercam, o Bosque Marechal Cândido Rondon já estava lá. Na época, era apenas um terreno doado ao município pelos colonizadores ingleses. Nem nome tinha, o que viria a acontecer em 1958 – numa homenagem ao sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon.
   Ocupou, logo de início, o espaço que se tornaria o centro de Londrina, com suas perobas, figueiras, ingás e tantas outras árvores nativas. Infelizmente, hoje o local ´de muito mais conhecido pela enorme quantidade de pombas – 300 mil, estimam os biólogos – do que por um verdadeiro patrimônio da cidade.
   No decorrer dos anos, o Bosque passou por muitas mudanças. No começo da década de 50, na gestão d prefeito Milton Menezes, foram instalados no ali um viveiro de animais, parque infantil, quadra poliesportiva, vestiários e sanitários públicos.
   Foi quando o advogado Sebastião Nei dos Santos começou a ver sua história entrelaçada com a praça central de Londrina. “ Eu trabalhava na Prefeitura, que ficava onde hoje é o Bradesco da Rua Souza Naves “, recorda Santos. “ Então passava todo dia pelo Bosque “.
   Assim que se casou , em 1962, ele foi morar no Edifício Bosque,  na esquina da Rua Piauí com Rio de Janeiro. Por lpa ficou até 1970.
   O advogado não se esquece do pau d’alho eu ficava em frente à Catedral. ! Quando chovia, ele soltava um cheiro agradável. Minha mulher descia com minhas filhas para brincar no Bosque e na Concha Acústica. Era um local aprazível, um pulmão verde da cidade”, conta.
   A cara do Bosque mudou ainda mais no começo dos anos 70, quando na gestão do prefeito Dalton Paranaguá, ocorreu o alargamento da Rua Piauí e ali foi instalado o terminal de ônibus de Londrina. O espaço foi cercado e passou a impedir a entrada de visitantes. Em 1988, com a transferência do terminal, o antigo virou um grande estacionamento.
   Em 1991, na gestão do prefeito Antonio Belinati, foram iniciadas obras reivindicadas pela Associação dos Amigos do Bosque, “ Três mil assinaturas de todo o centro apoiaram a causa. Surgiu, então,  uma nova área de lazer, com equipamentos de ginástica, pista para caminhada, ciclovia e o espaço foi batizado de Zerinho “.
   Em 2011, o ex-prefeito Barbosa Neto tentou reabrir o bosque para o trânsito de veículos. Mas a intenção foi barrada por uma ação judicial movida por uma ONG ambiental, que contou com forte apoio da opinião pública.

   OÁSIS


    Um verdadeiro oásis: essa é a definição dada ao Bosque pela irmã Lucimar Stefanelo, eu chegou a Londrina em 1968 para trabalhar no Colégio Mãe de Deus. Quando era professora de Ciências, levava os alunos para aula prática no Bosque.
   “ A gente estudava os nomes científicos das ároves, era ótimo para o aprimoramento de estudantes “, comenta. Não era à toa. No último levantamento das árvores do Bosque foram contadas 62 espécies, sendo 39 nativas locais, 11 nativas do Brasil e 12 exóticas.
   Nos mais de 40 anos de contato da irmã Lucimar com o local, muitas outras árvores encheram de orgulho os londrinenses que passavam pelo centro da cidade. “ O Bosque sempre foi um ótimo lugar para respirar, e onde as pessoas se sentiam bem e felizes “, lembra a irmã.
   Aos domingos à tarde, pais passeavam com os filhos na praça verde do centro, e suas entranhas recebiam o som das músicas cantadas e tocadas por grupos de amigos. “ Tenho a esperança que isso volte “, confia a freira, cheia de fé. ( Página 12, ESPECIAL AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE, publicação do jornal |FOLHA DE LONDRINA, , quarta-feira, 16 de Setembro de 2015).

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