“Quem casa quer casa”, diz o
velho ditado popular. É fato que quem casa quer seu canto pessoal seu espaço
próprio, seu lugar para si mesmo. Isso é legítimo e aconselhável. Contudo, quem
casa não quer só casa, mas algo mais, muito mais. Vamos chamar esse algo mais
de lar. A casa é fundada em ferro e cimento, enquanto o lar no amor e respeito.
A construção da casa é de tijolos e madeira, ao passo que o lar é de princípios
e valores. As janelas da casa são de vidro, já as do lar são os olhos. As paredes da casa tem ouvidos por onde passam
sons. Os ouvidos do lar têm paredes que cobrem com discrição. A casa é abrigo
da chuva, calor e frio, enquanto o lar é abrigo do medo, da dor e da solidão. A
casa protege dos barulhos de fora; o lar protege dos barulhos da alma. Na casa
tem sofás, no lar tem colo. Na casa toma-se banho; no lar lava-se a alma. Na
casa tem-se refeições; no lar tem-se comunhão. A casa é feita com dinheiro e o
lar é feito com carinho. A casa pode ser comprada e vendida; o lar não se
compra e jamais está à venda. A casa é uma espécie de embalagem, invólucro,
acessório, o vagão do trem; já o lar é o conteúdo, a essência, o principal, a locomotiva
do trem. A casa está restrita a um endereço fixo; já lar não tem fronteiras. Enquanto a casa
envelhece, o lar amadurece. A casa é material e concreto; o lar é gente e
relacionamento. A casa tem seu estilo arquitetônico; o lar tem sua
personalidade. A casa não tem vida própria, é mecânica, não se multiplica; o lar
tem vida em si mesmo, é orgânico e se reproduz. A casa é edificada por
profissionais, mas o lar é edificado por Deus, como diz as Escrituras: “ Se o
Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam " (Salmos 127.1). Isso mesmo, quando o Senho a edifica, a casa torna-se lar, Enquanto não se souber discernir
essa diferença, não se saberá o que se perseguir como objetivo. Por isso,
talvez, existem tantas mansões onde moram lares miseráveis ao mesmo tempo que
muitos casebres abrigam lares verdadeiramente ricos. Mais que, “minha casa,
minha vida”, precisamos de “meu lar, minha vida”. A casa só tem vida se for um
lar, já o lar não precisa de casa para viver. Existem muitas casas, mas poucos
lares. O desejável é que dentro de cada casa exista um verdadeiro lar. “Lar, doce lar!” ( RODOLFO
MONTOSA, pastor da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de Londrina, página 2,
ESPÇO ABERTO, quarta-feira, 30 de setembro de 2015, publicação do jornal FOLHA
DE LONDRINA).
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