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terça-feira, 1 de setembro de 2015

CRIANÇAS DE 5 ANOS FRUSTRADAS?




   Esperar completar 6 anos de idade para iniciar o primeiro ano do Ensino Fundamental  frustra crianças e seus pais?
   Os 7 anos foram, secularmente, a idade da criança iniciar a 1ª série primária – hoje, Ensino Fundamental 1.
   Essa idade – chamada também,  de idade da razão, -  mostrou-se , universalmente,  momento adequado -  quanto aos aspectos cognitivo,  social e emocional -  para a criança ser introduzida no mundo acadêmico.
   Em 2007,  o Brasil -  para se adequar aos padrões internacionais -  adicionou ao Ensino Fundamental mais um ano escolar. Sem o “Fundamental de 9 anos” os brasileiros não eram aceitos para continuar seus estudos no exterior.
   Esse acréscimo de um ano tem a finalidade de iniciar todas as crianças na escola aos 6 anos,  de forma mais gradual,  sem exigências tão acadêmicas -  é o chamado cour préparatoire  francês,  pois a “idade da “  não mudou -  nenhuma criança consegue ir além de sua maturidade pelo simples fato de iniciar-se mais cedo na escola.
   Para criar uma norma quanto à idade de introdução das crianças aos 6 anos no Fundamental, o Brasil -  país que  inicia o ano letivo próximo ao ano gregoriano -  estabeleceu 30 de março como limite,  para a criança iniciante completar os seis anos de idade. Esta é a chamada “idade do corte”,  As outras,   pelas leis nacionais,  iniciarão o 1º ano no ano seguinte,  e devem ser inseridas na Educação Infantil,  até lá.
   A “idade de corte” é utilizada internacionalmente -  para crianças que não sejam “superdotadas”. Dessa forma,  tem-se  em cada turma,  alunos com um ano de diferença de idade entre o mais novo ( aquele que completa os 6 anos em 31 de março do ano vigente ) e o mais velho (que completa 7 anos  em 1
 º de abril do ano vigente”.
   Escolas do Estado do Paraná -  e de alguns outros estados -  vêm contrariando a norma naciona, l desde 2009,  através de liminar da Justiça comum,  em nome da “frustração”  das crianças de 5 anos de idade e de seus pais,  se não entrarem no 1º ano,  impedindo que uma prática nacional,  e internacional se estabeleça no Brasil.
     Nesses  anos de mudança da lei,  a frustração que constatei em crianças que entram no 1º ano com 5 anos,  e em seus pais,  teve o motivo inverso: crianças que não tinham nenhum problema de aprendizagem no início do Ensino Fundamental,  passaram a ter dificuldades para aprender a ler, a escrever, na matemática,  na realização das tarefas em casa,  no tempo de atenção e no comportamento.
   Essas dificuldades permaneceram, em muitas delas,  no 2º,  no 3º,   no 4º,   no 5º  anos, aumentando muito o  índice de crianças com “distúrbios”  de aprendizagem.
   Quando lhes  foi permitido conviver  com a turma de sua idade,   os “distúrbios” de aprendizagem evaporaram.
   A idade padronizada facilitaria o ensino, evitaria problemas de imaturidade nas crianças e problemas de adaptação escolar por transferência de uma escola para outra -  na mesma cidade, no mesmo estado, em diferentes estados do país.
   Com tantos problemas importantes sobre qualidade de ensino que nós,  educadores  de escolas públicas e privadas -  temos para transpor, porque vamos criar mais esse? ( LUIZA LEONOR CAVAZOTTI E SILVA , fundadora do Instituto de Educação Infantil e Juvenil em Londrina,  página 2, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira, 1 de setembro de 2015).  

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