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domingo, 16 de agosto de 2015

DA GELEIA DA AVÓ À CERVEJA




   Família de imigrantes belgas lidera produção de amora-preta no Paraná  e aposta no beneficiamento da  fruta para agregar valor `atividade agrícola


   A família Dewulf foi buscar na sua origem belga uma forma de diversificar a produção agrícola da propriedade de 540 hectares, localizada em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná. E foi no cultivo da amora-preta que os agricultores encontraram mais uma fonte de renda. “Minha avó colhia amora para fazer geleia para consumo próprio”, relembra a empresária Anne Dewulf.
   Segundo ela, que é responsável técnica pela propriedade, o plantio da amora-preta teve início em 2005, com cerca de 10 hectares, para atender a demanda indústria de iogurtes. “Com o passar dos anos, a indústria deixou de comprar e decidimos continuar a produção de amoras para beneficiamento”, conta. Hoje, além da soja e do milho, a fazenda tem 50 hectares de amora-preta, que é matéria-prima para fabricação de licor, vinho, geleia, cerveja, aguardente e calda.
   “ A venda da fruta in matura é muito difícil porque a amora é muito sensível e já começa a   fermentar oito horas após a colheita, então optamos por beneficiar a fruta e também vendê-la congelada”, declara Anne, que atende desde turistas até restaurantes, confeitarias, adegas, empórios e panificadoras locais.
   Anne explica que a amora-preta in natura deve ser consumida logo após a colheita. “ Na geladeira, por exemplo, só  dura um dia após colhida. E se for colhida num dia de chuva, aguenta menos ainda. É colher e comer ou colher e processar”, ensina a empresária.
   Segundo ela, os tratos culturais da amoreira-preta não exigem muita mão de obra. Cerca de 10 a 15 pessoas, algumas delas integrantes da própria família, participam da poda e colheita da fruta. O pico de safra é entre outubro e dezembro e a floração acontece em setembro. “A colheita é manual e feita quando a fruta está bem madura. Colhemos diferentes áreas de forma escalonada e dependemos muito do clima”, completa.
   Conforme ela, a amora-preta gosta de sol e nutrientes  e é um fruto que amadurece muito rápido. Como ela é rústica e rasteira, pode ser cultivada como trepadeira,  cita Anne, destacando que a planta não passa de 1,50 metro de altura. “Na propriedade escolhemos fazer a adubação verde para a colheita de um produto natural, sem uso de agrotóxicos", diz a produtora, que iniciou a venda de itens a base de amora em 2007. “ A geleia é vendida em pronta entrega , mas o vinho demora dois anos para fermentar e o licor, cinco”.
   Ela explica que os pais trabalharam no desenvolvimento de uma cultivar adaptada à região dos Campos Gerais  e a que melhor produziu em Ponta Grossa foi a variedade Brazos , por isso a adega da família ganhou o nome de Porto Brazos. “Como alternativa, a amora-preta tem crescido muito na nossa propriedade, opina Anne. De acordo com ela, a fruta era vista como praga e por isso era pouco estudada pela pesquisa. Com o passar dos anos, o público começou a se interessar pelo consumo da amora, principalmente pelas suas propriedade nutricionais, e por isso a procura cresceu, recorda a empresária.
   Para ela, o único fator que impede o crescimento da produção  na Adega Brazos é falta de mão de obra especializada para trabalhar com a cultura. “A ideia era aumentarmos a área, mas por enquanto decidimos melhorar as áreas já existentes”. (MARIANA GUERIN – Reportagem Local, página 6, FOLHA RURAL, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 15 de agosto de 2015).  

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