Páginas

domingo, 9 de agosto de 2015

COLÔNIA DE FÉRIAS

  


   - Pietro, você tem certeza que quer viajar até aqui? São doze horas de vôo!
   - Eu sei, vô, eu quero sim.
   - Mas você sabe que vai vir sem o papai e a mamãe, uma moça do avião cuidando de você até te entregar pra nós aqui, né?
   - Eu sei que vou sozinho, vô, mas eu já tenho seis anos!
   Pietro veio dos Estados Unidos, em São Paulo se juntou ao Lucca – e Caetano esperava em Londrina; deu abraços de gente- grande nos primos menores, afinal ele já tem sete anos.
   O sofá voltou a ser o herói de sempre que os netos vem para a chácara. Como é picado e sovado nosso sofá, e continua inteiraço!
   E nosso café no terraço como é tão gostoso com bigodes de iogurte e chuva de farelos de bolacha!
   Eles brincam sem parar desde que saem da cama até que caem na cama à noite, quando vovó Dalva lê histórias. De manhã, pergunto quem lembra quem dormiu primeiro, e eles se entreolham e riem, Caetano sopra:
   - A vovó dormiu primeiro, vô.
   - E Dalva confirma: - É, acho que, de tão cansada de ver tanta brincadeira, apaguei no virar a página.
   Brinquedo campeão é o Cipó do Tarzã! É só uma corda dupla com nó para os pés. Pendurada num  galho do flamboiã, sobre uma escada em V de onde eles se lançam à aventura que dura poucos segundos mas rende tanto riso! Enquanto isso, o balanço caprichado que o vô fez, lá na mangueira, continua abandonado...  Pietro explica:
   - O Cipó do Tarzã é mais massa, vô!
   E vamos ao shopping . No final da tarde de cinema – parquinho-sorvete, depois de brincarem até com os seguranças, perguntamos se gostaram de rever o shopping.
   - Foi bom...
   - mas não tão bom.
   - Antes tinha mais criança.
   Como explicar a eles a crise na economia?
   Duas semanas ou duzentos bons momentos depois:
   - Bem, meninos, vai acabar nossa colônia de férias.
   - Que é colônia, vô?
      Depois que conto tudo que sei da palavra “colônia”, pergunto se entenderam, e Luca resume:
   - Colônia é a gente se juntar até acabar o tempo de férias .

   E foram para os seus aviões, seus pais, seu outro país, seus mundos, seu futuro.  À noite, acho um aviãozinho debaixo do travesseiro, e então o peito incha, os olhos enchem, e a última cena da Colônia de Férias é uma tela borrada do The End de um filme que já passou e nunca vai passar. (Crônica  escrita pelo escritor DOMINGOS
 PELLEGRINI, página 21, cultura- espaço DOMINGOS PELLEGRINI  d.pellegrini@sercomtel.com.br  publicação do JORNAL DE LONDRINA, domingo, 9 de agosto de 2015). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário