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quarta-feira, 29 de julho de 2015

BATALHA SEM TRÉGUAS



   Esse exército retornando pra casa no fim da tarde, fazendo filas eternas no ponto de ônibus, carregando sacolas, pacotes, pastas, mochilas; passando no mercado para comprar a janta, na padaria para ter o pão, o queijo e o presunto para o lanche e o café da manhã.
   Alguns sérios, tensos, se preparando para encarar faxina, fogão, roupa suja, deveres da escola. Muitos cochilam no metrô, no ônibus, no calor dos coletivos, descem de um, sobem no outro, extenuados, e ainda ensaiam um sorriso, quando chegam em casa...
   Vão rápido, calados, concentrados, talvez perguntando de onde vão tirar força e coragem para tornar a fazer isso amanhã, e depois de amanhã, e todos os outros dias de suas vidas . Talvez pelos filhos, pelas contas, pelos sonhos, pela esperança de uma vida melhor. Saem quando o sol ainda não despontou e voltam quando já se escondeu. Alguns têm mais que um emprego...
   E deste jeito, o dia foi embora nesta batalha sem trégua, sem chance de desistir, de negociar, de fracassar...E parece que à noite, o lar fica ainda mais longe e que demora uma eternidade pra chegar.
   Mas chegam, se recompõem, respiram fundo, dorme seu sono mesquinho e voltam à batalha no dia seguinte.  ( PAZ ALDUNATE, escritora e artista plástica em Santiago ( Chile), página 3, FOLHA 2 m espaço CRÔNICA, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quarta-feira, 29 de julho de 2015).

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