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quinta-feira, 11 de junho de 2015

VELHOS MUNICIAM JOVENS INFRATORES



   São os velhos que fabricam as armas que os menores infratores usam; são os velhos que produzem as drogas que os menores infratores consomem e também comercializam,  a mando dos velhos. São os velhos que produzem as bebidas alcoólicas, que entorpecem e geram violência e acidentes, muitas vezes fatais; são as indústrias dos velhos que produzem as armas brancas pontiagudas, que também servem como freqüente instrumento para matar semelhantes; são os velhos corrompidos do Congresso Nacional que agora querem rebaixar a idade dos jovens infratores, para assim encarcerá-los.
   Sim, a maioria da sociedade já se manifestou favorável a essa redução. Não entro no mérito de condenar ou avalizar essa postura, senão mostrar que por trás de tanta criminalidade praticada por esses jovens estamos todos nós, os velhuscos, criando e fornecendo mecanismos favorecedores da delinqüência juvenil. Somos todos nós, os velhos com poder de decisão , que  neglicenciamos   ante a dura realidade das misérias sociais, porque só nos inspira a punição, e assim pensamos estar resolvendo o problema.
   É o sistema social e governamental ( ressalvados os cidadãos conscientes, que também são muitos) que se mantém indiferente ante milhões de famílias miseráveis, possibilitando aos filhos os desvios para o assalto e o roubo, porque eles também apreciam os bens , que devem ser para todos. É natural a idêntica cobiça daqueles que não os alcançam e não veem perspectiva de alcançá-los. Não são esses adolescentes que regem a ordem governamental corrupta, esbanjadora e irresponsável ante os dramas da pobreza, parceira próxima da propensão aos delitos. Sim, os menores infratores são violentos e perigosos, mas nós, somos todos santos homens?
   Nós, os mais velhos, que nos supomos a parte sã da sociedade, muito provavelmente vamos assistir à redução da maioridade penal, e, diante da realidade, iremos dizer que esta foi a solução, mas isto sim não nos fará puros e não eliminará nossas culpas por favorecer – pelas razões apontadas – a continuidade da delinqüência juvenil. ( Texto escrito por WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, pagina 2, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quinta-feira, 11 de junho de 2015).  

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