Páginas

sábado, 27 de junho de 2015

SÃO JOÃO


                     

   Junho e Julho são meses de muita festividades  e que sempre gostei. Ainda mais o primeiro,  já que é quando minha vó faz aniversário, garantindo entre tantas comilanças da época junina, mais um pouco de festa e alegria. Como sou da era digital, não tive a oportunidade de participar das grandes festas juninas e julinas que eram feitas nos sítios. Para me contentar, aproveito as quermesses que igrejas e cidades de porte menor organizam.
   Mesmo assim, guardo boas lembranças de criança quando passava as férias do meio do ano na casa da minha vó, em Ibiporã. Como não trabalhava, minha única preocupação era o horário em que todos se juntariam para brincar. Lá, nessa época, a rua se transformava em uma verdadeira quermesse de São João. Os vizinhos se juntavam e por meio da união e doação promoviam para os moradores do bairro, em especial para a turma de crianças que morava ali, momentos de muita diversão.
   Logo cedo, era erguido o pau de sebo, que na ponta carregava uma bandeira de São João e uma nota de cem reais, que era doada pelo vizinho que sempre organizava toda a brincadeira. Embaixo, homens, crianças, jovens e algumas mulheres entravam na fila que os levaria para o desafio. Como não gostava de participar da tentativa de pegar o dinheiro, ficava sentado na beira do terreno, como uma garrafa de água e algumas bolachas, já que o meu dia seria todo ali, rindo e torcendo pelos desafiados, que no final, como já esperava, saíam todos sujo de sebo e sem nenhum real no bolso.
   À noite a diversão era outra. A rua toda enfeitada de barraquinhas e barracas tinha um ar que somente o mês de junho poderia proporcionar. Músicas, enfeites, pé de moleque, quentão, paçoca, pipoca, milho, canjica, - minha favorita – e até uma fogueira  deixavam o bairro mais alegre e gostoso.
   Pessoas de diversos lugares vinham para a festança e, como era tudo de graça, só  iam embora  na hora que não sobrasse nenhum copo de quentão para fazer memória à  noite junina. No outro dia,  eu e minha turma nos reuníamos para comentar sobre  tudo  que tinha acontecido na noite passada.
   Mas, como tudo na vida, a festa de São João na rua acabou. As crianças cresceram, os adultos envelheceram e o que junho trazia para o bairro se foi. Mesmo sem a comemoração entre vizinhos e amigos, o mais importante ficou: a lembrança daqueles momentos, que tenho certeza que garantirá, quando a turma da rua se reencontrar novamente, assunto  para várias horas de conversa e risadas. ( Texto escrito por PEDRO MARCONI, estudante de jornalismo em Londrina, página 2, caderno FOLHA RURAL  espaço DEDO DE PROSA, publicação do jornal FOLHA  DE LONDRINA, sábado, 27 de junho de 2015).

Nenhum comentário:

Postar um comentário