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segunda-feira, 22 de junho de 2015

MAU USO DA FECUNDAÇÃO IN VITRO PREOCUPA


   Lisboa – O caso de uma alemã de 65 anos , mãe de 13 filhos e que deu à luz quadrigêmeos no final de maio, preocupa os especialistas em fertilidade que alerta para uma utilização abusivas das  técnicas de fecundação in vitro. Annegret Raunigk deu à luz em Berlim três meninos e uma menina prematuros, que pesaram apenas entre 665 e 960 gramas, depois que a mãe fez um fecundação in vitro de dois doadores anônimos na Ucrânia. “O problema principal, independentemente da idade da mãe, é a transferência de múltiplos embriões”, avalizou o médico Adam Balen, entrevistado em Lisboa durante a conferência da Sociedade Europeia  de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE, na sigla em inglês).
   “As gravidezes  de múltiplos são perigosas para a mãe e ainda mais para os bebês”, garantiu o presidente da Sociedade Britânica de Fertilidade, explicando também que com as tecnologias atuais e um embrião de qualidade, uma transferência é suficiente.
   Entre os muitos riscos estão partos prematuros, baixo peso ao nascer do bebê ou atrasos cognitivos.
   “A  sociedade pode contribuir com o nascimento de crianças que não terão tão bom começo com outras?”, questiona a médica Françoise Shenfield, da University College de Londres, especialista em reprodução humana e bioética.  Há alguns anos, vários países tentam reduzir o número de gravidezes múltiplas. É o caso de Reino Unido, Estados Unidos e França, onde a Agência de Biomedicina estabeleceu certas recomendações.

                    ‘O NEGÓCIO’


   “Algumas clínicas fazem publicidade explicando que as pacientes  podem viajar e se beneficiar de tratamentos mais baratos. Mas os resultados acabam sendo desastrosos”, como o do mês passado. “Com certeza alguém está lucrando muito com isso”, alertou. Para o especialista, todos os países deveriam financiar tratamento de fertilidade para evitar que exista esse “negócio”. “É o tipo de história escrita pelos grandes titulares dos periódicos e apresentam nossa especialidade para o mundo”, lamenta Françoise Shenfield. Segundo ela, é impossível legislar a reprodução assistida no mundo inteiro. Mas a médica participou da redação de um guia de boas condutas para limitar o número de embriões transferidos. Shenfiel critica também o papel das agências intermediárias entre os doadores e receptores de ovócitos, “que ganham muito dinheiro dos pacientes com uma porcentagem do preço da clínica”.
   Como todas as tecnologias, a reprodução assistida “pode ser utilizadas de maneiras boas ou ruins”. (FRANCE PRESSE, página 10, FOLHA SAÚDE, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, segunda-feira, 22 de junho de 2015).

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