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quarta-feira, 17 de junho de 2015

A "CASA DA ÁRVORE”

                                                  

Tronco de gurucaia é o principal elemento estrutural de casa projetada e construída por arquiteto paranaense

   Na década de 1970, o Brasil ainda engatinhava na discussão de boas práticas verdes, mas um grupo de arquitetos saiu na frente. O arquiteto paranaense Osvaldo Navaro Alves foi um deles: levantou uma casa no meio da mata nativa com uma árvore de 9 metros integrada ao espaço interno, no bairro do Pilarzinho, em Curitiba.
   Alunos de arquitetura fazem peregrinação até “a casa da árvore”. Vira e mexe algumas delegações estrangeiras também chegam por lá para aprender as lições da tal “arquitetura honesta”. Entre os especialistas não há consenso. De um lado há quem diga que se trata de um estilo orgânico pela sinergia com o meio ambiente. Do outro, existem defensores de que a casa é um exemplar de arquitetura neovernacular, quando são empregados técnicas materiais regionais do próprio local onde a edificação é construída. O motivo de toda a atenção é o mais nobre de todos: a casa projetada e construída por Osvaldo Navaro Alves surge no meio de um bosque de mata nativa como uma semente que brota naturalmente . Ninguém imagina que nem sempre esteve ali.
   A habitação é uma figura geométrica de 12 lados. No centro, o principal elemento estrutural é o tronco de uma gurucaia, árvore nativa de nove metros de altura. Todas as outras vigas se encaixam na  coluna e formam um esqueleto similar ao de um guarda-chuva. As paredes são de alvenaria com textura  baiana e troncos de eucaliptos empilhados. A iluminação aproveita a luz natural e fica a cargo da claraboia central – o que tecnicamente leva o nome de iluminação zenital. E, para garantir o conforto térmico da casa, existem no telhado telas horto florestais responsáveis por refletir até 50% da irradiação solar.
   Dentro não há corredores. Existe apenas uma área principal de circulação, disposta em volta do jardim interno, que leva a todos os ambientes. O que surpreende ainda mais na casa é a mistura de funções. Exemplo: a claraboia não é apenas uma abertura que permite a passagem da luz. Por ser revestida  por vidro blindado qualquer um pode andar sobre o espaço. Por isso, não raramente vira palco de visitantes. Volta e meia  Osvaldo gosta de subir para apreciar a vista.
   A ideia da casa foi do próprio Osvaldo. Depois da visita do paisagista Burle Marx, que esteve no local para sugerir o que fazer com o jardim da propriedade, o arquiteto não tirou da cabeça a dica: “Faça uma casa que combine com o bosque”.  Nada melhor que uma “casa árvore”.(
LUAN GALANI/HAUS/GAZETA DO POVO, página 1, caderno  
imóveis   Classificados 3377-3000 espaço  ARQUITETURA, publicação do JORNAL DE LONDRINA, domingo, 14 de junho de 2015).

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