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quarta-feira, 13 de maio de 2015

RESPONSABILIDADE SOCIAL NO FUTEBOL



   O impacto social do futebol no Brasil é indiscutível e ainda pouco dimensionado, a transmissão das partidas pela TV tornou-se um gigantesco espetáculo que envolve milhões de pessoas e para muitos funciona como válvula de escape diante de sua realidade econômica e social. Os momentos propiciados pelo esporte podem até aliviar, mas não solucionam problemas, mas sem dúvida, levam alegrias a muitos que vivem  em dificuldades. Nesse contexto: como  ficam os principais atores do futebol: os times e os jogadores? Que papéis exercem em termos de responsabilidade social?
    São poucos os times brasileiros que se esforçam em envolver seus jogadores em ações de responsabilidade social. Na última Copa do Mundo presenciamos a atuação social da seleção alemã junto à comunidade onde ficou concentrada na Bahia.
   No futebol inglês muitos clubes mantêm  programas de responsabilidade social envolvendo  os times com as escolas  e outras instituições locais, às quais oferecem programas de educação baseados em princípios e valores para crianças e adolescentes. O Chelsea conta atualmente com 44 programas de responsabilidade social, e o Arsenal com 34, que integram suas estratégias de negócios. Esses clubes têm, inclusive, departamento de responsabilidade social que monitoram os resultados de cada iniciativa. Entre os programas oferecidos pelos times ingleses se encontram: oficinas culturais em que os jogadores estrangeiros ensinam suas línguas e costumes para incentivar o respeito e a tolerância, turmas de informática em parceria com empresas de tecnologia, programas de inclusão social que promovem a inserção de jovens no mercado de trabalho, aulas de desenho, arte, arquitetura e meio ambiente com visitas monitoradas aos estádios e cursos de administração de empresas oferecidos pelo pessoal administrativo dos clubes.
   Esse processo permite a formação não só  de cidadãos mais conscientes, mas de torcedores mais responsáveis e inclusive mais comprometidos com o clube. Na prática, o investimento realizado pelos clubes na sociedade,  no longo prazo beneficiará a eles mesmos
   No Brasil a gestão dos clubes tem pouco envolvimento com ações de responsabilidade social. Os jogadores da elite profissional, em as maioria, aparentam pouca ou nenhuma consciência de sua repercussão na sociedade, preocupando-se mais com a renovação de seus contratos e os salário auferidos do que seu papel como cidadãos. O retorno dos jogadores às suas comunidades de origem é quase nulo havendo poucos casos de referência. Destacam-se alguns jogadores que atuaram na Europa e adquiriram maior consciência de seu papel social e  por isso adotam iniciativas de inclusão social.
   No entanto, há sinais positivos que insinuam mudança de mentalidade em  alguns clubes.  Entre eles destacam-se os que adotam uma gestão  estratégica de responsabilidade social:
Internacional, Corinthians e Atlético-PR.  O Inter desenvolve uma série de ações sociais e foi o autor do primeiro balanço social feito por um time brasileiro.  Possui uma Fundação (Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional) criada em 1976 que promove diversas ações sociais. O Corinthians publicou neste ano o seu quinto relatório de sustentabilidade  de acordo com os padrões internacionais adotados pelo Global  Reporting  Initiative, sendo um dos primeiros times do mundo a adotar essas diretrizes. O Atlético publica balanço social desde 2003 e e faz investimentos em programas de esportes voltados à inclusão social como o projeto social Escola Furacão, que atende mais de 2,5 mil crianças. Outros clubes como Santos e Vitória desenvolvem ações voltadas para a inclusão social.
   São sinais de mudanças que mostram que o esporte das multidões pode se tornar referência positiva para seus milhões  de admiradores também no quesito da responsabilidade social. O exemplo dos clubes e seus jogadores, deve servir de referência para os seus torcedores que passariam a admirar mais ainda seus clubes preferidos e quem sabe, e contribuir para a diminuição da violência nos estádios. ( Texto escrito por REINALDO DIAS, professor da Universidade Mackenzie Campinas (SP), página 2, ESPAÇO ABERTO, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, terça-feira, 12 de maio de 2015).

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