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segunda-feira, 13 de abril de 2015

MEMÓRIA CORAÇÃO TANGUERO



                                          Mario Labella foi um  dos principais divulgadores do tango em Londrina e deixou um livro inédito, feito em parceria com o pesquisador José Luís da Silveira   
      O tango em Londrina está de luto. Uruguaio e difusor  da música rio-platense, como ele próprio definia, Mario Labella morreu na noite da última quinta-feira, deixando um vazio não somente na expressão da cultura  sul-americana na cidade, mas também na grade de programação da Rádio UEL, FM (107,9 MHz). Vai ao ar hoje à noite, às 21h, uma homenagem a ele, colaborador/apresentador dp programa Tangomania Um estado de espírito.  Labella, que tinha 86 anos, deixa a esposa, uma filha, netos e bisnetos.
     Amizade
     “Tivemos uma convivência íntima e amigável  durante uns 12 anos. Eu o conheci na Rádio UEL FM, quando eu fazia um programa de música popular brasileira chamado Passado a Limpo.  Nos encontrávamos na rádio”, lembra o amigo José Luís  da Silveira Baldy.
     Dali em diante nasceu não só uma amizade prazerosa, mas frutífera. “A partir de então nos tornamos amigos e já aí fiz uma proposta a ele de fazer traduções de músicas rio-platenses, como ele falava. São tangos, mas não apenas tangos.”
     Traduções
     Semanalmente, os dois se encontravam  para traduzir tangos, milongas, valsas e outras canções. Fizeram assim até há pouco tempo, antes de Mario ser internado. Nesses mais de dez anos, foram quase 400 canções traduzidas.
     “Decidimos, há três anos, que o primeiro volume da obra seria com 100 tangos de Carlos Gardel”, revela Baldy. O livro está pronto, mas os amigos tiveram dificuldades para encontrar alguém que quisesse editar.  As editoras manifestaram receios com relação a possíveis direitos autorais das traduções das canções. “O livro está pronto, mas não conseguimos quem quisesse editar”.
     Carlos Gardel
     No primeiro volume está ainda uma breve história do tango e uma análise do trabalho de Carlos Gardel, um dos mais importantes representantes do gênero. Entretanto, a convivência entre Baldy e Labella extrapolava o campo do trabalho em comum. “Era muito afável, uma pessoa de cultura respeitável. Gostava de literatura, música e teatro. E tinha uma grande formação política.”
     Nascido no Uruguai, Labella chegou ao Brasil em 1975 por Porto Alegre. De lá, se mudou para Londrina em 1979. A família veio  junto. E desde então viviam por aqui. “Ele já trabalhou em teatro e morou em Montevidéu, no auge do tango, nas décadas de 1940 e 1950”, afirma Baldy que, inclusive, tem diversas fitas K7 com o programa do amigo gravado.
     Clube do Tango
     Argentino, o músico Osvaldo René também era muito amigo de Mario Labella. Ambos se conheceram na época da fundação do Clube do Tango, por volta do ano de 2004. “Era uma pessoa muito especial. Tinha uma vida perfeita. Perguntei para a esposa dele, a dona Julia, se ele sempre foi assim”, conta René, num castelhano abrasileirado.
     “Foi um privilégio essa convivência. E ainda temos em comum a língua.” René vive em Londrina há 37 anos. “Lembro quando fizemos um programa especial no Tangomania, quando lancei um CD com tangos”. Labella morreu em decorrência  de problemas pulmonares, agravados nos últimos dias. Foi cremado em Londrina.
     Serviço
     O especial sobre Mario Labella será exibido na rádio UEL FM  (107,9MHz) hoje, às 21 horas.
     Rádio

     Na época em que a saúde ainda permitia, Mario Labella ia à Rádio UEL FM, no campus da UEL, toda semana para gravar o programa Tangomania. Lá, normalmente era atendido pelo técnico de gravação Elson Ferreira. “Ele era muito gente boa, um colaborador fácil de lidar. A dificuldade era a fala, pois ele não falava português. Mas a gente entendia tudo”, lembra Ferreira. No último ano, o programa estava sendo reprisado. “Ultimamente ele não estava indo, fazia um ano que estava reprisando. “ Todo o acervo utilizado era do próprio Labella. ( Reportagem escrita por FÁBIO LUPORINI, Fabio@jornaldelondrina.com.br  página  17 cultura, publicação do JORNAL DE LONDRINA, domingo 12 de abril de 2015). 

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