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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

VOCÊ É RESPONSÁVEL!



     Os tempos modernos andam turbulentos. A epidemia do desemprego ataca  todos os países, inclusive os ricos, sobretudo na  Europa. Os avanços da ciência nos deram mais vida: o brasileiro atualmente vive em média 71 anos, contra apenas 33 anos em 1990. Muitos já estão vivendo mais de 80 anos. Daqui a quatro décadas, o Brasil terá mais de 57 milhões de pessoas com mais de 60 anos. É uma alegria tanta vida. Mas com a dádiva vem o desafio. Como essa legião de pessoas viverá? Como você irá viver em sua velhice?
     O bem-estar depois  dos 60 anos enfrenta problemas. Anos de vida a mais geram novas demandas: saúde, cuidados pessoais, conforto, descanso. Tudo isso custa caro. De onde virá o dinheiro para pagar  a conta? Você já se perguntou com quem poderá contar na velhice ou de onde virá o dinheiro para sustentar uma vida boa quando lhe falta energia ou você resolver parar?
     Talvez, você não poderá contar com ninguém e não tem a menor idéia de que fonte sacará os recursos para uma velhice confortável. Pois a responsabilidade de  prover seu sustento é sua. Você terá que assumir o controle de sua vida, sua carreira, seus ganhos e sua poupança. Caso contrário a velhice pode ser dura e triste.
     Achar que alguém vai cuidar de você é uma aposta arriscada. No passado, os casais tinham muitos filhos, na esperança de serem  cuidados e sustentados por eles. Isto está acabando. Um relatório do IBGE diz que 64% dos idosos sustentam suas famílias, numa inversão da lógica. De alguma forma, a população entende esse fenômeno – e é cada vez menor o número de casais com dois filhos.
     Um dia, utopias bonitas, mas inviáveis, tentaram nos convencer de que o governo iria cuidar de nós. Você sabe de onde surgiu a idéia de aposentadoria aos 65 anos paga pelo governo? Veio de Otto Von Bismarck, presidente da Prússia, em 1889. Naquela época, a expectativa de vida na Europa não passava dos 45 anos e a proposta de Bismarck não ameaçava as finanças do governo. Hoje, com tanta gente passando dos 75 anos, a Previdência Social pode levar qualquer governo à falência.
     Depender do governo é uma furada. Havia uma ilha de pessoas imune ao problema: os funcionários públicos, beneficiados com estabilidade no emprego e aposentadoria integral. Mas até isso está sumindo. No Brasil, os novos funcionários públicos receberão do governo, no máximo, o teto do INSS; para terem mais eles deverão contribuir para um fundo de pensão próprio.
     Quanto às mulheres, no passado elas apostavam no casamento como uma apólice de seguros para a sua  vida. Essa fonte secou. Esperar que o marido (ou a esposa) vá prover seu sustento na velhice é como saltar do trapézio sem rede de proteção. Além disso, de cada dois casamentos, um vai acabar com o marido ou  mulher dispensando o cônjuge muito antes da terceira idade.
     Há a hipótese do segundo casamento, pois o IBGE informa que 50% dos novos matrimônios são recasamentos  para um dos dois. Ocorre que, como dizia o pensador Samuel Johnson, “o segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência”, e pode ser também que este acabe antes da terceira idade dos pombinhos.
     O fato concreto é: nem o patrão, nem o governo, nem a família irão cuidar de você ou pagar suas contas na velhice. Isso pode até acontecer, mas convém não confiar. É melhor acreditar em dois pontos: um,  você é o responsável: dois, cuide de  seu dinheiro e construa sua arca. Noé sobreviveu ao dilúvio porque não esperou que Deus ou seus pais lhe construíssem uma arca. ( Texto escrito por JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo em Curitiba, extraído do ESPAÇO ABERTO, pág.2, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015).

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