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sábado, 14 de fevereiro de 2015

BEIRA DA ESTRADA


     No caminho de Curitiba para Londrina há um trecho em que você vê muito aquelas casas de sapé ou de madeira na beira da estrada onde se vende  tudo quanto é enfeite rústico e, que se couber no carro, se acaba comprando.
     O que mais chama a atenção são as gamelas de madeira. Aquelas enormes peças de um entalhe que deve  ter demorado  para fazer e  que ficam encostadas  nas grandes paredes do comércio  tomando sol e chuva até  que alguém se encante com tamanho capricho. E os carros param. As mulheres descem e namoram aqueles enfeites e demoram, pensam onde ficará melhor na casa, na chácara ou perto da churrasqueira,  enfim, levam e tem que caber no carro. Vi  também, da última vez, umas panelonas de metal batido. Brilhavam  como se fosse prata polida. Perto havia uns espelhos enormes, artesanatos e frutas.
     Depois, alguns quilômetros de poucas cidades e muito campo, onde as rádios já não pegam mais. Se você quiser ouvir alguma coisa pode por um pen drive ou um CD, mas o som do vento batendo no para-brisa e o barulho suave do motor convidam a apreciar a paisagem bucólica,  cheia de montanhas, plantações e áreas verdes mas, claro, sem perder a atenção na estrada.
     Algumas florestas para reflorestamento, com aquelas árvores altas e retas, todas muito juntas e simétricas. Lisas, até fazer uma pequena copa lá em cima. A estrada quente e o calor aliados ao intenso brilho do sol sobre a paisagem fornecem um dia cheio de alegria –quando chove ou tem neblina a história é outra, o cuidado deve ser redobrado.
     Nessa hora, as conversas  no automóvel  já não são tantas, a menos que as crianças vejam algo inusitado  como um animal selvagem atravessando a pista ou um rebanho de ovelhas pastando ou, claro, cavalos. Toda criança gosta de cavalos e  principalmente os pequenos, pois parecem que podem sempre montá-los.
     Depois a gente vem chegando perto de Ortigueira. O clima mais ameno. Paramos num restaurante que tem por ali. Coisas artesanais e outras que se parecem  com elas.  Tudo muito agradável e  logo mais um  outro  contorno para vir para Londrina.
     Fim de férias, e volta à rotina  mas, é claro, ainda faltam alguns bons quilômetros e atenção triplicada na via, porque ali é muito perigoso.
     Interessante que dali em diante você não tem nenhuma opção de lazer ou descanso ou turismo. Carecemos de uma cultura de maior integração entre o comércio e a agricultura. Um comércio bem montado numa rodovia deve ser bem pensado e é uma necessidade. Gera recursos para o comerciante e receita de impostos  para o município. Mas não se deve montar qualquer coisa. Deve-se ter uma estrutura básica para o turista sentir-se bem, para poder usufruir do local e gastar o seu dinheiro satisfazendo suas necessidades de bem-estar. E, depois, sair dali com boas recordações.
     Tem lugares que você  vai  em  beira de estrada que têm belas construções  (dá até para tirar fotos), boa comida e atendimento a contento. Acho importante o comércio na beira da estrada. Viajar não é só ir e voltar, mas também o caminho.  ( Texto escrito por DAILTON MARTINS, leitor da FOLHA,, pág 2, espaço Dedo de prosa, Folha Rural, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, sábado, 14 de fevereiro de 2015).
   

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