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sábado, 6 de dezembro de 2014

PRESENTE DE NATAL

Mais um ano que termina  e fica a sensação de que os dias passaram depressa. O calendário está na última folha e os primeiros dias de dezembro  já se fazem presentes.  Refletindo sobre isso, me pergunto se as crianças de hoje entendem o significado do Natal e o que desejam ganhar como presente. Por isso busquei  memórias da  minha infância  para lembrar como eram os dias que antecediam o Natal
     Sei que o modo de vida, os costumes e os valores eram diferentes, sobretudo para quem morava em zona rural ou cidades pequenas. Nesses lugares, havia um  certo  encantamento  na época  natalina, a religiosidade era  forte e a mágica presença do Papai Noel com seu saco de brinquedos  não era o ponto principal. Para mim, os momentos  importantes  eram a ceia com a família, o envelope com dez reais que ganhava do avô e o caminhãozinho de madeira feito pelo meu pai.
Mas meu principal presente, e  também dos meus irmãos,  era sem dúvida a montagem do presépio.  A árvore começava a ser enfeitada no dia  30 de novembro e ia sendo aprimorada com detalhes a cada dia, como uma preparação para a noite feliz.  Os avós diziam que na Europa  fazia frio nessa época e que o pinheiro era a única árvore que não perdia as folhas, simbolizando a vida. Na primeira semana de dezembro a nona dava o sinal para a montagem do presépio,   retirando do armário as estrelas, enfeites, anjos, pastores, músicos, camponeses e animais
     Dado o sinal, íamos felizes para o mato procurar um pinheirinho e recolher barba de bode e musgo nas árvores, além de ornamentos como  argila, pedras, sementes e folhas.  Assim, envolvidos na natureza, fazíamos  um curral com sabugos sem saber que a palavra presépio significava  exatamente isso:  curral, manjedoura
     Com um espelhinho  formávamos um lago e com pó de café, arroz e cascas de ovos construíamos os caminhos que levavam à gruta, feito de um  porongo  aberto na frente, onde as figuras de Maria, José e o menino eram colocadas depois de algum tempo, quando o presépio começava a tomar forma. No dia de Natal, os vizinhos vinham admirar nosso presépio e nós íamos  ver os das outras casas,  atrás de idéias para fazer algo mais bonito para o próximo an
     Seguindo a tradição católica, o presépio era desmontado no dia 6 de janeiro,  data em que os reis magos foram reverenciar o menino Jesus.  Em seguida, minha mãe encaixotava os enfeites e guardava no armário.  Estas lembranças continuam  existindo dentro de mim e com elas aprendo que a alegria do Natal não está no conteúdo dos pacotes  ao pé da árvore,  mas na espera  e na  imaginação em reviver a história do nascimento de Jesus.  ( Texto de GERSON ANTONIO MELATTI, leitor da Folha, extraído do , suplemento FOLHA RURAL , espaço DEDO DE PROSA,  publicação da FOLHA DE LONDRINA,  sábado, 6 de dezembro de 2014).

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