Texto escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER, publicado pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, dia 09 de dezembro de 2019.
“Um noviço que andava triste e se arrastando entrou na sala de um monge mais velho e encontrou o homem na penumbra, consultando alguns livros antigos. Tomado por uma ansiedade resolve perguntar ao mais velho – Senhor, qual o sentido da vida? - O monge absorto em seus afazeres aponta a mão par um pano que estava no chão e depois aponta para o alto de um prateleira ao lado de uma vidraça. O jovem, acreditando que uma tarefa lhe havia sido designada, pega o pano e põe-se a esfregar a vidraça até que, limpa, a luz do dia entra com toda sua claridade no aposento iluminando tudo.
O noviço então abre um sorriso e diz – Entendi, senhor, que eu tenho que parar de fazer perguntas tolas que só impedem de eu enxergar as coisas mais claramente. Tenho que limpar minha mente das poeiras da vida e me permitir ver mais o que há para ser visto. Muito obrigado. Me ajudou muito – e saiu rapidamente, deixando o ancião perplexo, porque ele não tinha essa intenção de transmitir nada, mas queria apenas que o jovem recolhesse o pano e o colocasse em cima da prateleira.”
Assim é na vida. Mais importante do que obter respostas, soluções ou esperar o que o outro mostra é o que nos permitimos enxergar. Uma mesma situação pode ser vista como algo enfadonho, sem sentido algum, ou algo que inspira, que nos faça aprender.
Muitas vezes vamos nos arrastando pela vida, sem vitalidade alguma, sem nem mesmo olhar para o que nos rodeia e com isso vivemos mal e pobremente. Vamos nos ocupando de perguntas que não ajudam em nada, e de atividades que só nos enche de tédio. Porém, podemos também nos abrir às situações e ver coisas significativas que nos enriquecem e deixam tudo com muito mais vida. Aí não mais nos arrastamos, mas caminhamos com muito mais fluidez.
A pergunta, então, necessária é o que faz com que a gente escolha uma ou outra maneira de viver? Bem, é justamente aquilo que nos permitimos ver, que, por sua vez está ligado ao nosso estado mental. Há pessoas que ficam apegadas a um estado mental tão miserável que nenhum experiência que vivem pode se bem utilizada. Tudo fica estragado, tudo fica ruim. Contudo, um estado mental mais livre permite ver e viver as experiências com bons olhos. Tira-se delas belas e importantes lições.
Sempre se faz importante analisar bem a que estado mental nos apegamos. E quando percebemos que estamos fazendo más escolhas é porque está na hora de ousar mudar. Numa análise, por exemplo, podemos ter a chance de perceber que estado mental estava se moldando e limitando nossa visão e, com isso, percebemos que há outros pontos de vista para a mesma situação. Às vezes, mudar o ângulo com que vemos as coisas em nossas vidas é tudo o que precisamos para nos transformar. A qualidade de nossas vidas depende muito do que nos permitimos ver. A análise é um excelente espaço para que possamos “enxergar” melhor e quando passamos a ver de outra forma as coisas as coisas ganham um sentido todo novo e inspirador. Vale refletir sobre como estamos vendo as coisas. FONTE: Texto extraído da página 12, coluna MUNDO VIVO, segunda-feira, 09 de dezembro de 2019, escrito por SYLVIO DO AMARAL SCHREINER).