Crônica de JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo, publicada pelo jornal FOLHA DE LONDRINA, 4/2/2019, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO
O Brasil ainda é um país pobre. Pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil está na posição 79 entre 171 países. Dividindo a produção nacional pela população, o produto por habitante equivale a um quinto do que é nos Estados Unidos. A explicação sobre por que um país se desenvolve e outros se mantém no atraso e na pobreza, ainda que em condições naturais parecidas, não é simples nem é fácil. Um desafio da ciência econômica tem sido formular uma teoria que consiga explicar as bases e as leis do desenvolvimento econômico.
Até a Revolução Industrial (1750-1830), a sobrevivência humana era retirada da terra e dos recursos naturais, e as obras do pensamento explicavam a produção de riqueza basicamente a partir da contribuição da natureza. Até então, não havia crescimento do produto por habitante, todo crescimento advinha do crescimento da população. Após o surgimento do motor a vapor, do trem de ferro e das máquinas industriais, os estudiosos começar a examinar a contribuição dos bens de capital na produção e na produtividade-hora de trabalho.
A segunda revolução industrial moderna (1879-1900) nos deu o motor a combustão interna, a indústria do petróleo e a eletricidade, fez a produtividade explodir e gerou o assombroso crescimento econômico dos países que adotaram as novas tecnologias e o novo modo de produção. Foi por volta da metade do século 19 que surgiu o conceito de subdesenvolvimento, para identificar as nações que miravam o novo padrão de consumo, não conseguiam assimilar o novo modo de produção e tinham padrão de bem-estar aquém do alcançado pelas nações adiantadas.
Com o prosseguimento do programa de da ciência e da tecnologia a partir dos anos 1900, o processo produtivo começou a demandar trabalhadores mais qualificados, e foi necessário aumentar a abrangência da educação básica e do treinamento profissional. Nos anos 1960, foram aprofundados os estudos sobre a contribuição da educação para o aumento da produtividade e para o crescimento econômico. Foi quando se descobriu que o fator educação passou a contribuir para a produtividade do que os recursos naturais.
De lá para cá, todos os países que se desenvolveram e desfrutam de elevado padrão de vida, investiram pesadamente na educação básica, em primeiro lugar e na educação profissional superior, na sequência. Quando eu era estudando do curso de Ciências Econômicas, ouvi discursos de professores que, embora eu fosse inexperiente, me pareciam muito estranhos. Eles diziam que a universidade não devia educar para o mercado, pois isso seria mercantilizar a educação, mas sim formar cidadãos críticos e reflexivos.
Eu, que tinha o objetivo de adquirir uma profissão e me qualificar para progredir na carreira e no salário, certo dia confrontei um professor que demonizava o mercado, dizendo-lhe: O mercado nada mais é do que o encontro de alguém com uma necessidade com alguém que tem uma solução; de um homem com fome com outro que produz feijão; de uma pessoa com inflamação no corpo com outro que sabe curar. Ora, se meu curso não me habilitar a ser bom profissional ele não me serve frente à minha maior carência: fugir da pobreza.
Atualmente, a superação da pobreza depende de elevado nível de educação básica, boa formação profissional obtida em curso superior ou técnico, além da atualização constante diante da evolução da ciência e da tecnologia. Isso vale para o indivíduo e vale para a nação. Apesar das dificuldades na elaboração de uma teoria completa sobre as causas do desenvolvimento, o mundo já conhece os fatores essenciais do progresso material e do bem-estar que dele decorre.
A educação não é o único fator a determinar o desenvolvimento, mas o principal. Há outros fatores, como os naturais os sociais, os políticos e o sistema econômico. É claro também que a educação tem o papel de educar o indivíduo para a cidadania, que é a maneira como nos relacionamos com a natureza, o meio ambiente, os semelhantes e a sociedade, mas o papel inicial e essencial da educação, especialmente a superior, é prover o estudante de uma profissão par ser bem-sucedido em mundo complexo e de mudança constante. (FONTE: Crônica de JOSÉ PIO MARTINS, economista e reitor da Universidade Positivo, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). *Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. Email: opinião@folhadelondrina.com.br
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