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domingo, 4 de novembro de 2018

O BRASIL PRECISA SE PREPARAR PARA CUIDAR DA POPULAÇÃO IDOSA


   O Paraná é o sétimo Estado entre os quais mais denunciaram violações de direitos dos idosos em 2017. No período, foram registrados 1.401 casos. Por meio das ocorrências que chegaram ao Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos, o governo federal constatou que as denúncias aumentaram 310% em comparação com 2011, quando o serviço telefônico recebeu 342 reclamações. 
   Este ano, o Estatuto do Idoso completa 15 anos e só no primeiro semestre o Disque 100 recebeu 16 mil denúncias de violação de direitos dos idosos em todo o País. Em 2017, foram 33.133 denúncias, sendo 15.870 casos relatados no Sudeste. São Paulo liderou o número de ocorrências registradas com 7.155 ligações para o Disque 100. Em reportagem deste fim de semana (3 e 4), a FOLHA que mostra a vulnerabilidade dos idosos brasileiros quando o assunto é segurança e respeito pelos seus direitos. 
   Para especialista da área, o aumento do número de denúncias pode ser consequência do encorajamento dos mais velhos na busca pelos direitos. Mas também pode refletir uma onda crescente de violência na sociedade e dentro das próprias famílias. Há uma dificuldade básica em identificar agressões ou outros tipos de violação de direitos entre aqueles com mais de 60 anos: a falta de um rede de apoio a essa população. Se com as crianças é possível que os professores identifiquem hematomas ou outros sinais de mudança de comportamento, no caso de idosos é mais difícil. Quase sem sair de casa para passear ou trabalhar, o isolamento em casa dificulta a ajuda externa. 
   Denunciar abusos, que podem vir de familiares ou cuidadores, é extremamente importante. A negligência e as violências físicas, psicológica e patrimonial estão entre os relatos que chegaram ao Disque 100. O perfil dos suspeitos traçado aos atendentes do serviço revela que filhos, netos, genros ou noras das vítimas estão entre os mais denunciados. O Conselho Nacional de Justiça também vem estudando a situação da população mais velha e contabilizou ao menos 28,9 mil novos processos protocolados nos tribunais em todo o Brasil, entre 2015 e 2017, relacionados a crimes previstos no Estatuto do Idoso. 
   Políticas públicas mais eficazes no atendimento ao idoso são o mínimo que um país deve estabelecer. O Brasil está ficando para trás e é preciso levar em consideração que o País envelhece (tendência mundial) sem estar preparado para arcar com os desafios, como criar uma rede de proteção, preparar os serviços de saúde pública e dar suporte às famílias que precisam cuidar de seus idosos dependentes. (FONTE: Editorial e publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA, 3 e 4 de novembro de 2018).

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