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sábado, 1 de setembro de 2018

É PRECISO FALARSOBRE SUICÍDIO



   Questionada cada vez mais por especialistas e autoridades na área de saúde, a estratégia de evitar falar sobre suicídio para não estimular casos tem pouco apoio quando a intenção é a prevenção. Tanto que a campanha intitulada “Setembro Amarelo”, que ganha as ruas a partir deste sábado (1º), busca discutir o assunto e divulgar ações preventivas. Como a Folha de Londrina mostra em reportagem nesta edição de fim de semana, o suicídio é um grave problema de saúde pública e reuniu recentemente em São Paulo especialistas no tema. A FOLHA participou como convidada. Todos os palestrantes alertaram que é preciso falar, discutir, ajudar, previr e buscar ajuda adequada o quanto antes. 
   Muitas vezes é difícil buscar ajuda porque a depressão, maior fator de risco, é um estigma. Especialistas ouvidos pela reportagem comentaram que, apesar de a depressão ser bem mais aceita socialmente como transtorno de saúde, muita gente evita falar ou assumir o problema. No caso dos adolescentes, a questão é ainda mais delicada, pois há fatores específicos da faixa etária, como a baixa autoestima. O psiquiatra Teng Chei Tung, coordenador dos serviços de Pronto-Socorro e Interconsultas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e da Universidade de São Paulo, explicou à FOLHA que, quando se fala em suicídio, é preciso pensar em um fenômeno que traz uma convergência de fatores, o que inclui aspectos fisiológicos, sociais e culturais, combinados, muitas vezes a experiências de trauma ou perda. Ele cita também o bullying e presença do transtornos psiquiátricos não diagnosticados adequadamente como fatores de atenção. 
   No Paraná, adolescentes e jovens entre 15 e 29 anos tiveram a maior taxa de suicídio no período de 2013 a 2017, representando 25,5% das 3.510 mortes por lesão autoprovocada, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Curitiba é a cidade com maior número, 109 mortes nesta faixa etária; em seguida, vêm Londrina (48) e Maringá (28). 
   O suicídio é uma morte evitável e, segundo o Ministério da Saúde, a existência dos Caps, os Centro de Atenção Psicossocial, reduz em 14% o risco de suicídio. Entidades como o CVV, Centro de Valorização da Vida, também fazem um grande trabalho. 
   Setembro é o mês escolhido para chamar a atenção sobre o suicídio, mas os pedidos de socorro de quem está prestes a tirar a própria vida não tem dia e nem hora para se manifestar. Estar atento ao menor sinal para apoiar ou pedir ajuda de especialistas é a atitude mais importante. (FONTE; Página 2, FOLHA OPINIÃO, opinião@folhadelondrina.com.br 1 e 2 de Setembro de 2018, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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