A Lava Jato provocou uma mudança de paradigma ao combate à corrupção quando colocou atrás das grades grandes políticos poderosos e alguns dos empresários mais ricos do País. Antes da operação que definiu um importante momento histórico, a máxima “rico não vai preso no Brasil” reinava por aqui. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, comentou recentemente que a operação desencadeada inicialmente em Curitiba e o julgamento do Mensalão podem ser considerados um ponto fora da curva no combate à corrupção endêmica que tomou conta do Brasil. Mas se a Lava Jato provou que a lei é para todos, o mesmo não vale para o tratamento nas carceragens. Desde que foi preso, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral e a ex-primeira dama Adriana Ancelmo protagonizaram histórias de mordomia na cadeia, trazendo à tona mais escândalos. Cabral é acusado de ter desviado dos cofres públicos R$ 300 milhões e sua mulher responde por lavagem de dinheiro e associação ao crime organizado. Só em joias, Adriana teria gastado R$ 6 milhões. O tratamento dispensado ao casal e outros presos poderosos foi diferenciado. As denúncias revelam que os presos circulavam livremente, recebiam visitas em qualquer horário e podiam receber encomendas. Até uma sala de cinema estava sendo instalada na cadeia pública de Benfica, que recebeu presos da Lava Jato, com televisão de 65 polegadas, home theater, aparelho de DVD e 160 filmes. Na semana passada, uma nova surpresa. Ao realizar uma vistoria em celas de Benfica, onde está também o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani, encontrou alimentos proibidos pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária. Entre eles, camarão, iogurtes, frutas secas e bolinhos de bacalhau. Todos fornecidos por pelo menos três restaurantes da cidade. Enquanto isso, para os presos comuns, a realidade é outra. Eles não têm regalias e muitos enfrentam condições desumanas, com celas superlotadas e o perigo das rebeliões nas unidades dominadas por facções. (OPINIÃO, opinião@folhadelondrina.com.br página 2, terça-feira, 28 de novembro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário