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domingo, 16 de julho de 2017

TÉCNICAS INDIANAS BENEFICIAM COMUNIDADE DA ZONA SUL

"Recebo todo mundo que nos procura", conta a irmã Pushpa Mary

   Grupo de freiras mantém casa de apoio para atender moradores do União da Vitória com terapias para alívio da dor, além de cursos de música, reforço escolar e aconselhamento

   Uma diversidade de experiências educacionais, culturais e de convivência com novos hábitos é o que proporcionam as freiras da Congregação Salesianas Missionárias de Maria Imaculada aos moradores do Jardim União da Vitória, na zona sul de Londrina. Na Casa de Apoio Madre Maria Gertrudes, em um imóvel simples que um grupo de religiosas mantém na rua principal do complexo de bairros, a população é atendida com aulas de música, artesanato, reforço escolar, línguas, psicologia e terapias indianas para alívio da dor e controle de doenças psíquicas. 
   Seis das sete freiras da congregação são indianas. Graduadas na Índia em assistência social e psiquiatria, a irmã Pushpa Mary oferece à comunidade a terapia Sujok, uma técnica de acupuntura coreana com sementes que ela sua para aliviar dores diversas e amenizar o sofrimento de quem tem doenças psíquicas como depressão, ansiedade, insônia, perda de memória e até mesmo alcoolismo no uso de drogas. “Recebo todo mundo que nos procura”, conta ela, que também faz uso de equipamento simples, porem eficientes, para aliviar pontos energéticos e minimizar a dor. O atendimento é feito inclusive com crianças, cujos pais relatam principalmente agitação e falta de concentração. 
   A religiosa oferece ainda um serviço de aconselhamento. “Quando tem necessidade, encaminhamos para o médico”, explica. Outra novidade que ela trouxe é o tethahealing, uma terapia baseada nas ondas cerebrais que ajuda identificar e liberar crenças e padrões que impedem as pessoas de seguirem a vida e serem felizes. 
   “Muita gente procura atendimento porque vive em sofrimento e acredita estar possuída pelo diabo’. Na verdade, essas pessoas têm problemas como doenças psíquicas, alcoolismo ou dependência de drogas e precisam de apoio emocional. Depois das sessões, elas relatam que ficam em paz. Conseguem liberar a mente, para focar no que realmente importa”, conta a irmã Pushpa. 
   Ao conversar com os moradores do bairro, irmã Pushpa passou a conhecer as necessidades deles. Por isso, além das próprias terapias que oferece, foi buscar voluntários que estão atendendo outras demandas, como terapia ocupacional, cursos profissionalizantes, aulas de música, inglês, reforço escolar, cessação de tabaco, regularização de casamentos, balé, ioga, atendimento psicológico e até mesmo coaching, que ajuda no cumprimento de propósitos e metas. 
   Os 22 cursos ganharam fôlego em 2016, depois que a freira passou uma temporada se especializando na Índia. “Antes tínhamos apenas cinco cursos. Hoje atendemos mais de 600 pessoas”, comemora. Ela sabia que a população do União da Vitória precisava de apoio, mas conta que só deixou a terra natal após atender um extenso grupo de pessoas em sofrimento emocional que precisava de atendimento. 
   “Na Índia, muita gente com doença psíquica ainda é amarrada em árvores. Não podia vir embora antes de soltar todos eles. Atendi mais de 1,5 mil pessoas com aconselhamento e terapia”, relata. Apesar da gravidade, ela conta que os indianos se recuperam rápido, ao contrário dos brasileiros que muitas vezes “passam a vida toda dependendo de remédios”. “O maior problema é a falta de estrutura familiar, o que provoca muita solidão”, analisa. (Leia mais na página 2). (CAROLINE ANVANSINI – Reportagem Local, FOLHA CIDADES, 7 de julho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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