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quinta-feira, 20 de julho de 2017

A CORRUPÇÃO E AS CARAVELAS


   A palavra corrupção aliada a propina, caixa dois, delação premiada, delator, vazamento e tantas outras que fazem parte do nosso vocabulário, tem ocupado quase a totalidade dos espaços na mídia nos últimos anos. Estudos mostram que essa “cultura” – a da corrupção, não é recente! Veio com caravelas portuguesas. O primeiro registro de corrupção no país que se tem notícia, está em nossa “certidão de nascimento”, a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal, dom Manuel. Erroneamente, dizem que Caminha fez um pedido de emprego ao rei. Não é verdade! Ele pediu sim, que seu genro fosse solto, pois estava preso por ter assaltado uma igreja e agredido um padre em Portugal. A história conta que tudo começou na Colonização do Brasil. Portugal, não querendo “perder” o Brasil, delegou a seus confiáveis, a função de ocupar nosso território e organizar tudo por aqui. É evidente que precisavam oferecer-lhes vantagens para irem para uma terra desconhecida, que acabara de ser descoberta. A Coroa, então, deixava-os que ficassem à vontade por aqui, sem nenhum controle sobre o que faziam. Assim, estava criado o clima para que a safadeza fosse implantada. Nunca mais parou! Só cresceu. E profissionalizou-se. E fez escolas. O que nossa geração vê hoje é que desde a Constituição de 1988, com o fortalecimento do Ministério Público, com a previsão do sistema de controle externo pelos Tribunais de Conta e com o fortalecimento de instituições como a Controladoria Geral da União, começou a haver, de forma sistemática, o enfrentamento do problema da corrupção, o que havia ficado por debaixo do tapete por anos a fio. Nesses novos tempos, as investigações são divulgadas pela imprensa, que busca na CGU informações. O MP passou a ser muito mais eficiente com uma safra nova de “meninos” como são chamados pejorativamente pelos ladrões, muitos deles ainda solto. A história recente de casos de corrupção e escândalos no Brasil mostra infinitos casos! Há 30 anos, a “Folha de S. Paulo” publicava antecipadamente o resultado de uma concorrência para a construção da Ferrovia Norte-Sul. A Odebrecht era uma delas. A obra até hoje não foi concluída! Recentemente, em depoimento na Lava Jato, o ex-presidente da empreiteira disse que no Brasil a prática de pagamento de caixa dois e propinas é feita “há 30 anos”. Ele sabia o que falava. (FONTE: GILSON ALBERTO NOVAES, professor de Direito Eleitoral no curso de Direito da Universidade Mackenzie em Campinas (SP), página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, quarta-feira, 19 de julho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA). * Os artigos devem conter dados do autor e ter no máximo 3.800 caracteres e no mínimo 1.500 caracteres. Os artigos publicados não refletem necessariamente a opinião do jornal. E-mail: opinião@folhadelondrina.com.br).

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