Há duas semanas, a divulgação da gravação de uma conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista caiu como uma bomba sobre Brasília. No áudio, os dois supostamente tratam da compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso na Operação Lava Jato.
Se a delação premiada dos executivos da Odebrecht era encarada como a “do fim do mundo”, os depoimentos dos donos da JBS mostram que dá para piorar. O fundo do poço parece nunca chegar. E aguardem mais desdobramentos.
Após um final de semana agitada na política – com a prisão de Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado federal e ex-assessor especial de Temer, e com o pedido de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, na próxima terça-feira, 6 de junho, o Brasil se volta para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
É lá que Temer enfrentará o julgamento do pedido de cassação da chapa que o elegeu como vice de Dilma Rousseff por abuso de poder econômico e financiamento ilegal de campanha. É mais uma ameaça ao governo do peemedebista.
Falta popularidade, sobra desconfiança. Tanto que de todos os lados surgem pedidos para que ele renuncie ou de abertura de processo de impeachment. Não é um julgamento político que começará na terça, mas caso o TSE decida pela cassação da chapa, deverá definir se o presidente sai imediatamente ou permanece na presidência até o julgamento do recurso, que certamente chegará ao Supremo Tribunal Federal.
Há ainda chances de um pedido de vista, o que pararia o processo no TSE. É claro que uma definição vai demorar muito tempo ainda. Se Temer for realmente afastado, caberá ao Congresso eleger um novo presidente para completar o mandato até o final de 2018. Não há um nome de consenso para substituí-lo, preocupação que pesa muito. Certamente, é o pior momento desse frágil governo de transição. (OPINIÃO, página 2, segunda-feira, 5 de junho de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).
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