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quarta-feira, 12 de abril de 2017

IMPACTO DAS DELAÇÕES


   O primeiro depoimento do empresário Marcelo Odebrecht ao juiz Sergio Moro, após o fechamento da delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, na última segunda-feira, mexeu com o cenário político do País novamente. Mais que isso. Trouxe à tona também o vazamento dos depoimentos dados sob sigilo à Justiça. O herdeiro da maior empreiteira do País teria não só confirmado que o nome “italiano” que aparece na planilha de pagamentos de propinas da empresa é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci, como também afirmado que repassou ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apelidado de “Amigo” , R$ 13 milhões em espécie. O dinheiro teria sido sacado pelo ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, ou “Programa B”, entre 2012 e 2013 e entregue a Lula. Odebrecht teria contado ainda sobre os R$ 4 milhões que teriam sido repassados ao Instituto Lula e na soma R$ 12,4 milhões supostamente usados para a compra do prédio do Instituto. Também abordou a cifra de R$ 50 milhões em propinas para o ex-ministro Guido Mantega (“Pós Itália”) que teriam sido aplicados na campanha da presidente cassada Dilma Rousseff. Lula criticou nesta terça-feira (11) o que chamou de “vazamentos mentirosos” , que não aceita essa “bobagem toda” em torno de sua eventual prisão e voltou a colocar seu nome na disputa Presidência 2018. O Instituto Lula também negou recebimento de propina. Na segunda-feira, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, defendeu a investigação indevida de dados para verificar de quem partiu a irregularidade. A ministra alertou ainda que o vazamento de informações sigilosas de ações judiciais pode ser feito pelo próprio investigado, como tentativa para anular o julgamento, e que isso não anula as provas. O juiz Moro vem fazendo um importante trabalho nas ações da Lava Jato dando celeridade no julgamento dos réus. No entanto, deve o magistrado cercar-se de maior cuidado durante a tomada de depoimentos, principalmente aqueles sob sigilo, para que não haja futuro questionamento sobre a apuração do maior esquema de corrupção jamais visto no Brasil. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 12 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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