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terça-feira, 4 de abril de 2017

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, UMA DECISÃO IMPORTANTE


   Passados mais de 50 anos desde o primeiro transplante de órgãos no Brasil, ainda são muitas as dificuldades para aumentar o número desses procedimentos no País. A recusa das famílias em doar os órgãos de parentes que tiveram morte cerebral é apontada como um dos principais obstáculos. Especialistas acreditam que este é o grande motivo para que Londrina tenha o índice mais baixo de doações entre as quatro regionais de transplante do Estado. Em 2016, a taxa de doações no município ficou em 26,80%. Das 194 notificações registradas na macrorregião de Londrina de janeiro a dezembro do ano passado, apenas 52 se converteram em doações. Em Curitiba, que detém o o índice de doações mais elevado do Estado, foram 432 notificações e 185 doações, o que corresponde a uma taxa de 42,82%. Em segundo e terceiro lugares estão Cascavel (44,52%) e Maringá (38,86%), respectivamente. Segundo a pesquisa, entre as 142 notificações que não se converteram em doações na região de Londrina em 2016, 51 foram pela não concordância das famílias em não autorizar o procedimento. A recusa dos parentes é um problema comum em todo o Brasil e em vários outros países. É um fator importante, mas não é o único que contribui para que um transplante não aconteça. Em reportagem publicada nesta terça-feira (4) especialistas ouvidos pela FOLHA lembram que interferem também os cuidados tomados com o potencial doador, a confirmação da morte cerebral e a infraestrutura hospitalar. Mas o maior gargalo é a negação familiar. Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos mostram que 43% das famílias brasileiras entrevistadas pelas equipes de abordagem não autorizam a doação dos órgãos. Na Região Sul, a recusa é mais baixa, inferior a 30%. Mas no Nordeste, o índice chega a 90%. As diferenças culturais interferem na taxa, mas a falta de uma adequada comunicação é provavelmente o ponto mais importante para melhorar. É normal que, com o medo da morte, as pessoas não queiram falar sobre o assunto. Mas a decisão de ser ou não doador precisa ser tomada durante a vida e transmitida aos familiares. Isso vai ajudar para que eles tomem uma resolução importante, em meio ao sofrimento da perda. Decisão que pode salvar vidas. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 4 de abril de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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