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quarta-feira, 8 de março de 2017

UM DIA PARA CONSCIENTIZAÇÃO



   Muito mais do que uma data comemorativa, o Dia Internacional da Mulher é um momento de conscientização. O “8 de março” nasceu de um série de reivindicações de trabalhadoras, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, que exigiam melhores condições de trabalho e direitos sociais e políticos. Foi um movimento que nasceu na segunda metade do século 19 e teve como acontecimento emblemático o incêndio em uma fábrica de tecidos de Nova Iorque, ocorrido em 25 de março de 1911, quando cerca de 140 operários morreram, a maioria mulheres. A tragédia aconteceu devida às precárias condições de segurança na fábrica. Nesta quarta-feira (8), as manifestações contra a desigualdade e contra a violência voltam a acontecer em mais de 40 países, com a chamada Greve Internacional de Mulheres. O afrouxamento das penas para a violência doméstica na Rússia causou revolta em várias partes do mundo, assim como o comportamento misógino do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. É óbvio que no Dia da Mulher deve-se lembrar das muitas conquistas, mas é preciso considerar que há muito o que fazer. Um estudo divulgado esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trouxe detalhes da desigualdade de gênero e raça no País com base em série históricas de 1995 a 2015. Segundo a pesquisa, as mulheres trabalham mais e ganham menos que os homens. Em média, elas trabalham 7,5 horas a mais que os homens por semana e 90% das entrevistadas ainda se responsabilizavam pelo trabalho doméstico não remunerado – a famosa dupla jornada, que acontece em lares cada vez mais chefiados por mulheres. É preciso garantir melhorias nos setores da segurança pública, emprego, política, educação e saúde. Em muitas áreas, os direitos estão estabelecidos por leis que não são reconhecidas, como a Lei Eleitoral, que prevê cota mínima de participação feminina nas chapas eleitorais, mas na prática, as mulheres não são incentivadas a concorrer. O 8 de março não pode simplesmente figurar no calendário como uma data festiva e nem deixar que a discussão caminhe para reforçar estereótipos de beleza. É preciso analisar a trajetória de conquistas e refletir sobre as perspectivas para o futuro. (OPINIÃO, página 2, quarta-feira, 8 de março de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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