Páginas

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

A RESPOSTA DE TEMER


   Com a homologação das 77 delações da Odebrecht e da possível enxurrada de novos inquéritos que deverão ser abertos pela Procuradoria-Geral da República para investigar os citados, o presidente Michel Temer anunciou nesta segunda-feira (13) que não vai blindar aliados. Ele garantiu que ministros que forem denunciados pela PGR no âmbito da Operação Lava Jato serão afastados provisoriamente do cargo. E aqueles que se tornarem réus, definitivamente desligados do governo. No mesmo pronunciamento, o presidente disse que não vai aceitar que a “simples menção inauguradora de um inquérito” seja motivo para desligamentos. A medida não atinge o mais novo ministro de Temer, Moreira Franco, que teve a posse ameaçada pela Justiça e espera a decisão final do Supremo Tribunal Federal (STF). Atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco foi citado 34 vezes na delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. A polêmica aconteceu porque o novo ministro foi nomeados três dias depois da presidente do STF, Cármen Lúcia, homologar as delações da construtora. Para a oposição, trata-se de uma clara tentativa de blindar Moreira Franco. Vários outros ministros teriam sido citados nas delações dos executivos da empreiteira. Em um processo criminal, inicialmente o Ministério Público oferece a denúncia quando considera que há provas suficientes para levar o suspeito a uma condenação. Na sequência, a Justiça decide se recebe a denúncia fato que torna o réu investigado. Com a declaração, o presidente espera amenizar as críticas que ele tenta abafar a Lava Jato. A preocupação do peemedebista tem fundamento, pois movimentos sociais já começam a preparar, para o dia 26 de março, uma grande manifestação em defesa da operação que investiga desvio de dinheiro da Petrobras. Lembrando que a morosidade da Justiça ainda pode beneficiar os envolvidos no esquema criminoso. É interessante analisar como respondem os políticos brasileiros quando acusados de corrupção. Se em outros países com cidadania amadurecida, os agentes públicos acabam renunciando com a simples suspeita de um comportamento antiético, no Brasil há um apego maior ao cargo, até mesmo para usá-lo como escudo para sair impune do escândalo. (OPINIÃO, página 2, terça-feira, 14 de fevereiro de 2017, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

Nenhum comentário:

Postar um comentário