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sábado, 17 de dezembro de 2016

MENTIR PARA SI MESMO É A PIOR MENTIRA

   Estamos num período especialmente propício à reflexão sobre o que é essencial para a vida. O Natal nos convida a repensar valores, comportamentos e prioridades à luz do exemplo deixado pelo aniversariante. Independente da fé que cada um abraça, a experiência de Cristo é inegavelmente inspiradora para crentes e não crentes, induzindo a uma verdadeira revolução pessoal em direção a um propósito por que vale a pena viver e morrer. 
   Nessa perspectiva, abaixo se procura dar destaque à essência do legado deixado por Jesus, que é costumeiramente manipulado para atender a interesses particulares, nos concentramos nos acessórios para não termos que enfrentar o principal, substitui-se o seja feita a vossa vontade, por seja feita a nossa vontade. 
   Centro de toda a mensagem: toda a lei se resume neste único mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gal5,14). “Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou” (Lc 7-47). “Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês mesmos” (Rom. 12-10) . “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três , mas o maior deles é o amor” (Cor. 13:3).
Vivencia do amor: “Tive fome , e me deste de comer; tive sede, e me deste de beber: era forasteiro, e me acolhestes: estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes visitar-me. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos? Quando te vimos enfermo, ou na prisão. E fomos visitar-te? E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que tudo o que fizeste a um desses pequeninos , é a mim que o fizeste” (Mt.25:35-45).”Aquele que quer tornar-se grande entre vós seja aquele que serve. Portanto, todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mt. 23: 11).
   Escolhas necessárias: “Não se pode servir a dois amos. Deus e o dinheiro” (Mt.25); “Porque a raíz de todo o mal é o dinheiro” (Tim 6:10). “E quando formos julgados ao final dos tempos, nos perguntarão sobre nossa proximidade com a pobreza. Zaqueu entrega a metade de suas riquezas aos pobres. E a quem tem, seus celeiros cheios de seu próprio egoísmo o Senhor, ao final, pedir-lhes-á contas. Os pobres do mundo são os herdeiros do Reino” (Tgo 2). 
   Ideal de sociedade: “E todos que tinham fé viviam unidos, tendo todos os bens em comum. Vendiam as propriedades e os bens e dividiam com todos, segundo a necessidade de cada um” (Atos 2: 44-45). “A multidão dos fieis era um só coração e uma só alma. Ninguém sua propriedade o que possuía. Tudo entre eles era comum. Não havia entre eles indigentes. Os proprietários de campos ou casas vendiam e iam depositar o preço do vendido aos pés dos apóstolos. Repartia-se, então, a cada um segundo a sua necessidade” (Atos 4: 32-36).
   Podemos não conseguir tamanha nobreza de alma e coerência de vida, podemos não conseguir ser fieis a imperativos tão revolucionários, mas o que não podemos é negá-los ou manipulá-los ao nosso bel-prazer para atender a conveniências pessoais. Não dá para corromper e iludir a si e aos outros em nome de um projeto de vida que convém e que apenas alimenta o próprio egoísmo. É certamente mais virtuoso e digno aquele que se vê como falho, fraco e inconsistente em suas condutas e encara sua pequenez e mediocridade, contudo, faz de cada dia um desafio para transcender suas limitações e se aproximar do ideal crístico, do que aquele que teima em mentir para si mesmo. 
   É importante destacar que todo projeto se inicia no “morrer para si”, ou seja, desinflar o ego que todos carregamos e idolatramos como verdadeiro deus. (LUÍS MIGUEL LUZIO SANTOS, professor da Universidade Estadual de Londrina, página 2, coluna ESPAÇO ABERTO, 17 e 18 de dezembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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