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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O LADO AUTORITÁRIO DO PROTESTO


   “Uma mancha na democracia da universidade”. Assim o reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zaki Abel Sobrinho, classificou a invasão ao prédio histórico da instituição , na capital paranaense, ocorrida na semana passada. Assim poderiam ser consideradas também as ações dos estudantes que tomaram a rádio e a reitoria da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Câmara Municipal de Londrina. O modo de agir dos manifestantes em Curitiba, que estavam mascarados não caracteriza uma ocupação – termo sempre utilizado pelos protagonistas da chamada “primavera secundarista”. A invasão do prédio histórico promoveu cenas de intimidação a alunos, professores e funcionários e há relatos de ameaças de agressão por parte dos invasores. Houve uma mudança de comportamento dos manifestantes, que desde 3 de outubro vêm ocupando e desocupando escolas públicas estaduais e prédios de universidade em protesto à PEC 55, que congela gastos e investimentos públicos, e à Medida Provisória 746, que estabelece a reforma do ensino médio. Depois que a Justiça determinou a desocupação das escolas, outros prédios públicos viraram foco dos manifestantes, como se observou na semana passada. Da mesma maneira como as ocupações nas escolas prejudicaram o calendário escolar e a vida de 240 mil brasileiros que prestariam, no último final de semana, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), os problemas chegam agora ao legislativo municipal, à UEL e à UFPR. Os manifestantes reclamam que o governo federal toma uma posição autoritária ao promover reformas por medidas provisórias, mas o movimento dos secundaristas está sendo antidemocrático à medida que limita os direitos dos outros. E os resultados de uma pesquisa divulgada pelo Instituto Paraná Pesquisas mostra que a maioria dos paranaenses desaprova as ocupações. Enquanto 69% dos entrevistados não concordam com as ocupações, 28,3% aprovam. A PEC do Teto dos Gastos e a MP do Ensino Médio precisam ser discutidas com a sociedade. Nem aprovadas, nem rejeitadas sem debate. As diferentes opiniões devem ser ouvidas e consideradas. (OPINIÃO, página 2, segunda-feira. 7 de novembro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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