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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

OUVIR AS VOZES DO SANTUÁRIO INTERIOR


   Os que dão ouvido também às vozes de seu santuário interior podem encontrar facilmente as respostas que buscam, mais do que aqueles que apenas as ouvem de fontes externas. Estes podem enganar-se, mas aqueles não incidem em equívocos, porque o que lhe fala é a voz que emana da própria essência. Pode-se entendê-la como a voz da alma, que se manifesta pela intuição e é conectada ao Espírito Universal. É um comodismo reger a vida tão-somente pela que chega pronta, especialmente no caso das religiões. Dessa forma, bloqueia-se a faculdade do próprio pensar e do livre descobrir, que pela falta de uso se atrofia. 
   À medida que são abertos os portais, mais o campo das percepções se ampliam, e assim a marca evolucionária avança. Os sistemas sedimentados de certas doutrinas religiosas são limitadores em muitos pontos, porque formatam as mentes novas e consolidam as adultas e velhas, não permitindo além do que estabelecem seus fundamentos. Estes são resultantes das interpretações subtraídas dos seus livros-guias, que, se encerram valiosos ensinamentos, são palavras dos homens, com diferentes entendimentos e também equívocos e contradições. Veja-se que para os hebreus que escreveram o Velho Testamento, Deus é capaz de ira, de impor castigos e a quem se deve temer; já o Novo Testamento, pela palavra de Jesus, fala de um Deus compassivo, de amor e misericórdia. 
   Legisladores eclesiais criaram normas e delas se servem e as difundem, e assim o uso as cristaliza, porque os fiéis tendem a ouvir e aceitar, sem questionar, mesmo que tenham tantas dúvidas. E se, eventualmente, lampejos de clarividência os assomam, contrariando o que lhes ensinaram, imaginam que forças demoníacas os estejam assediando. Isto retarda o avanço espiritual. Sim, as religiões têm servido para robustecer a convicção dos fiéis na existência de um poder superior, mas os guias eclesiais deveriam deixar que a verdade entre na alma deles e permitir-lhes a busca também em outras fontes. Porque delas poderão ser extraídas poderosas revelações muitas já latentes em cada um, e assim alargando os caminhos da libertação. (WALMOR MACCARINI, jornalista em Londrina, página 1, coluna ESPAÇO ABERTO, quinta-feira, 13 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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