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terça-feira, 11 de outubro de 2016

OS PRONOMES POSSESSIVOS


   Na língua portuguesa, temos seis tipos de pronomes, sendo que os possessivos estão entre os mais utilizados em nosso dia a dia, tanto na língua falada quanto na escrita. Entretanto, há certos detalhes que, às vezes, passam despercebidos e podem resultar em inadequações à norma culta. 
   Em primeiro lugar, os possessivos são: MEU, TEU, SEU, NOSSO, VOSSO E SEU. Todos têm uma forma feminina (MINHA, TUA, etc.) e plural (MEUS, TEUS, etc.). A escolha do pronome a ser utilizado depende da pessoa (EU trouxe MEU material), mas a forma de cada um depende do objeto ao qual se refere (MEU material e MINHAS dúvidas). 
   Um problema bastante comum, principalmente na língua falada, é o uso inadequado da segunda pessoa do singular (TEU, TUA, TEUS e TUAS). Não é que essas formas sejam incorretas, mas só devem ser utilizadas quando tratamos a pessoa em questão por TU. Como na maior parte do Brasil a forma de tratamento mais usada é VOCÊ, a preferência deveria ser pelo possessivo da terceira pessoa (SEU, SUA, SEUS, SUAS). Misturar as duas formas configura um erro de concordância. Observe os exemplos: “VOCÊ trouxe o SEU livro?” e “TU trouxeste o TEU livro?” são frases com concordância perfeita. Já no caso de “VOCÊ trouxe o TEU livro?” temos a mistura de pessoas gramaticais. Isso não é um problema tão grande assim, se acontecer na língua falada informal, como em um bate-papo com amigos, mas é erro grave caso ocorra em um texto escrito formal, como uma redação. 
   Outro detalhe a ser observado com os possessivos é que, apesar do nome eles não servem só para indicar posse. Outros sentidos podem ser atribuídos ao seu uso, dependendo do contexto, como nos exemplos a seguir: “Sentimos sua falta, MEU querido!” – aqui indica um certo carinho , afetividade.
“ Ela já tem lá SEUS trinta anos” – número aproximado. 
“ Preste atenção no que faz, SEU maluco” – ofensa. 
“ Sente-se aqui, MINHA senhora.” – respeito. 
   Com relação ao uso do possessivo como sinal de respeito, cuidado com a palavrinha SEU. Caso seja utilizada antes de nome próprio, não é um possessivo, mas uma variação da palavra “senhor” ( SEU João = Senhor João). 
   E, finalmente, há que se ter atenção com possíveis ambiguidades no uso de alguns possessivos, especialmente os de terceira pessoa. Observe a seguinte frase: “ O chefe deixou a secretária usar SEU celular.”
   Perceba que não é possível ter certeza de quem é o celular, se do chefe ou da secretária. Nesse caso, seria preferível optar por alguma outra forma, como, por exemplo, “ o celular DELE” (do chefe) ou “ o celular DELA” (da secretária). 
   Ficou ainda com alguma dúvida sobre essa tema? Mande um e-mail para a nossa coluna. 
   SOBRE LÍNGUA E AS RELAÇÕES
   O leitor Adelcio Porto nos mandou um e-mail, lembrando que, na coluna da semana passada, faltou explicar o termo CANDIDATO, que, como bem observou o leitor, tem sua origem também no latim. Para os antigos romanos, havia dois tipos de branco: o “albus” que era o branco comum e deu origem à palavra moderna “álbum” , e o “candidus”, o branco, brilhante, mais puro. Quando uma pessoa queria ocupar um cargo público, passava a usar uma túnica bem branquinha, tornando-se um “candidatus”. O detalhe é que se o povo achasse que ele não tinha condições de assumir o posto, atirariam lama ou outras sujeiras em sua túnica, acabando com a “brancura” do candidato. Obrigado pela dica, Adelcio! 
   Até a próxima terça! ( FALVIANO LOPES – PROFESSOR DE PORTUGUÊS E ESPANHOL).*Encaminhe as suas dúvidas e sugestões para bemdito13@gmail.com , página 3, coluna BEM DITO, caderno FOLHA 2, terça-feira, 11 de outubro de 2016, publicação do jornal FOLHA DE LONDRINA).

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